Comitê científico do estado não recomenda realização das festas de fim de ano
Governo do Rio deve se reunir mais uma vez com os especialistas na próxima semana, antes de anunciar a orientação aos municípios. Na capital, Prefeitura do Rio ainda mantém as festas de Réveillon
Secretaria Estadual de Saúde inaugura tenda na UPA de Marechal Hermes - Fabio Costa/Agência O Dia
Secretaria Estadual de Saúde inaugura tenda na UPA de Marechal HermesFabio Costa/Agência O Dia
Rio - Parte dos especialistas que compõem as equipes da Secretaria Estadual de Saúde é contrária à realização das festas de fim de ano, diante da chegada da variante Ômicron no Brasil - o único caso suspeito no Rio de Janeiro já foi descartado. A opinião do grupo foi manifestada durante uma reunião entre membros da secretaria e do comitê assessor da Vigilância em Saúde. O governo do estado deve se reunir novamente na próxima semana para ouvi-los mais uma vez e definir uma orientação aos municípios.
"Esse comitê entende que hoje, diante das incertezas da variante Ômicron, neste momento não seria recomendada a realização de uma festa de Réveillon com grande aglomeração de pessoas na orla. Como essa decisão não é definitiva, ela foi baseada em incertezas, certamente ao longo das próximas semanas a gente vai ter um entendimento melhor", afirmou o secretário estadual de Saúde, Alexandre Chieppe. Ele prevê que a decisão sobre a realização do réveillon ficará para os próximos dias, mas que não há prazo para uma definição.
"O combinado é que essa decisão será postergada por mais alguns dias. Vamos observar o comportamento dessa linhagem (Ômicron), saber se ela é mais agressiva ou menos agressiva do que a Delta, que está hoje aqui presente; se ela tem uma menor capacidade de levar esses pacientes para formas mais graves; e principalmente qual é o comportamento dela em relação à vacina. Tendo melhores informações, vamos poder tomar a decisão. Pode ser até na véspera. Mas o ideal é que a gente não tome essa decisão tão próximo".
Para Chrystina Barros, pesquisadora em Saúde e membro do Comitê de Combate à Covid da UFRJ, comemorações podem ser feitas com segurança se realizadas em ambientes controlados. Para ela, é difícil o controle de eventos com grandes multidões, como o Réveillon em Copacabana.
"O cenário hoje da covid mostra os indicadores epidemiológicos em franca melhoria, com diminuição da taxa de transmissão, internados, casos e óbitos. E isso tudo em decorrência do aumento da cobertura vacinal. Mas nós temos também pessoas que ainda não foram vacinadas. Neste momento, a gente pode até pensar em fazer comemorações, mas aglomerações sem controle dão margem para mais transmissão. É muito difícil acreditarmos que é possível o controle de grandes multidões como o Réveillon em Copacabana. Eventos, por exemplo, onde o acesso das pessoas seja controlado, ainda que com maior número de pessoas, sim, estes são eventos em que podemos dizer que têm mais segurança", opina a pesquisadora.
"Se todos apresentam comprovante de vacinação e se não tem sintomas, mantendo também cuidados não compartilhar objetos, estes são eventos que a gente pode dizer que têm mais segurança. Mas grandes eventos ainda não são seguros. O mundo ainda vive uma pandemia", completa.
Paes diz que Prefeitura monitora, mas mantém programação
Por enquanto, a capital fluminense mantém a programação, inclusive o Réveillon de Copacabana, que não aconteceu de 2020 para 2021 - os acessos ao bairro chegaram a ser fechados. "Na primeira quinzena de dezembro, nós vamos monitorando pro réveillon, na hora que a secretaria tiver a certeza, vamos ver se teremos ou não. Vamos ter muito cuidado e muito critério, por enquanto não muda nada. É muito mais fácil você cancelar uma festa programada do que fazer uma festa não programada", disse Paes, em evento da Prefeitura do Rio na quinta-feira (2).
Cidades começam a cancelar festividades
Outros municípios da Região Metropolitana já tomaram a decisão de não realizar a festa. A Prefeitura de Niterói decidiu que não fará o show de Réveillon na orla da cidade. A decisão é uma resposta ao enfrentamento à covid-19, que, apesar de ter diminuído no município, ainda traz risco à população. As cidades de Paracambi, Volta Redonda, Belford Roxo, Nova Iguaçu, Mesquita, Duque de Caixas, São João de Meriti, Barra Mansa e São Gonçalo também cancelaram os eventos.
Arraial do Cabo, na Região dos Lagos, também ainda não decidiu se o evento irá ocorrer. Em Búzios, também na Região dos Lagos, a prefeitura confirmou apenas fogos de artifícios nos locais estratégicos na cidade. Já a prefeitura de Cabo Frio, na mesma região, disse que para o Réveillon, três pequenos palcos para apresentações de artistas locais serão montados na cidade. Não haverá queima de fogos na Praia do Forte.
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