Rio – Passageiros dos ramais Japeri e Santa Cruz voltaram a enfrentar atrasos por conta do furto de cabos nas proximidades da estação Madureira, nesta sexta-feira. Segundo a SuperVia, essas ocorrências haviam diminuído entre os meses de setembro e outubro, mas voltou a aumentar no mês de novembro. Segundo um levantamento da empresa, fora 89 casos durante o período sendo agora o segundo mês do ano com mais ocorrências deste tipo. Em agosto houve uma a mais.
De janeiro a novembro foram 759 casos de furtos de cabos. Mais que o dobro do ano passado, quando foram registradas 355 ocorrências. Com um total de 32 mil metros de cabos levados por criminosos, o quantitativo de materiais furtados já é quatro vezes maior que o total substituído pela SuperVia em 2020 após a ação de criminosos, quando 7 mil metros de cabos foram retirados do sistema.
No ramal Japeri, a situação é ainda pior. Foram 356 ocorrências e 17 mil metros de cabos levados. A reposição deste material significa um custo de R$ 1,5 milhão para a concessionária em 2021. Este problema repercute na qualidade de viagem dos passageiros.
De janeiro a outubro mais de mil viagens foram afetadas (canceladas ou interrompidas) por este tipo de crime. Há também casos de arrombamento e vandalismo, como aconteceu com a porta de uma instalação da SuperVia nas proximidades de Bonsucesso.
“Há uma mudança nas características destas ocorrências. Os criminosos estão furtando até cabos de alta tensão. Também percebemos a atuação de grupos de homens armados ao contrário do que acontecia antes, quando o perfil dos criminosos era de usuários de drogas que atuavam sozinhos e sem armas de fogo”, explica Silmar Cavalieri, o gerente de Segurança da SuperVia.
Segundo ele, a queda no número de ocorrências deste tipo caiu entre setembro e outubro graças ao trabalho da força-tarefa da segurança. No entanto, em novembro a situação se agravou novamente.
Para mitigar ações deste tipo, a SuperVia diz que tem feito ajustes na instalação dos cabos que apresentam custos três vezes maior para a concessionária que o modelo tradicional. Além disso, a concessionária aderiu ao Programa Estadual de Integração na Segurança (Proeis) por meio do qual policiais atuam nas áreas mais sensíveis apoiando as forças de segurança do Estado.
Impacto direto na vida da população
A SuperVia salienta que o furto desses cabos, especialmente de sinalização, impacta o planejamento operacional e afeta os intervalos entre os trens porque o comando para o maquinista seguir viagem passa a ser feito por rádio. O contato, que deveria ser automático, é realizado pela equipe de controladores que atuam no Centro de Controle Operacional (CCO) da SuperVia.
Essas alterações na comunicação geram as irregularidades nos intervalos, pois maquinistas precisam parar o trem e aguardar ordem de circulação, por medida de segurança. Por vezes, viagens são canceladas, e o tempo de espera na plataforma pelos passageiros aumenta. O período de maior impacto é no pico da manhã, horário com intenso tráfego de trens com destino à Central do Brasil.
De acordo com o contrato de concessão, a segurança pública dentro do sistema ferroviário é de responsabilidade do poder concedente, que é o Governo do Estado do Rio de Janeiro.
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