Especialistas defendem cancelamento do RéveillonArquivo O Dia

Rio - A decisão de cancelar a festa de Réveillon no Rio, anunciada neste sábado (4), pelo prefeito Eduardo Paes, foi considerada positiva por especialistas em Saúde. Moradores da cidade também dizem que a medida é necessária, principalmente por causa da chegada da variante Ômicron ao país.
Para o pesquisador Marcelo Gomes, especialista em Saúde Pública e coordenador do Boletim InfoGripe da Fiocruz, a decisão da prefeitura faz sentido tanto por causa da epidemia de Covid-19, quanto pela explosão de casos de síndrome gripal, causada pelo vírus Influenza.

“No último InfoGripe, observamos, mais uma vez, um aumento importante de casos semanais de Síndrome Respiratória Aguda Grave em crianças pequenas e em jovens adultos. Parte desses casos continuam sendo de Covid. É um momento de cautela, temos uma nova variante de preocupação, a Ômicron. Não há como saber em quais países ela já está. O Réveillon no Rio de Janeiro é um evento internacional extremamente relevante, não é simplesmente um evento local”, afirma.

O virologista Amilcar Tanuri, integrante do comitê científico que assessora a Secretaria de Saúde do Estado, concorda com Gomes. “Eu defendi o cancelamento da festa porque a gente está com pouco tempo para avaliar o impacto da variante Ômicron. A nossa situação epidemiológica é até boa, mas, daqui a trinta dias, eu não sei como vamos estar. A decisão do Rio de Janeiro, de seguir as orientações sanitárias, é uma medida de precaução muito acertada”, diz.

Até o momento, o grupo técnico que assessora a Secretaria Estadual de Saúde avalia que é necessário suspender eventos com aglomeração, mesmo em ambientes abertos. Para o Réveillon, os municípios ainda foram orientados a monitorar os casos de viajantes sintomáticos vindos de qualquer país por um período de 14 dias, por causa da nova variante.

“Com tudo o que aconteceu nos últimos dois anos, todo mundo tinha muitas expectativas para esse Réveillon”, disse a estudante Harumy Sato, de 20 anos, moradora de São João de Meriti, na Região Metropolitana. “A gente pensava que já estaríamos todos imunizados e livres da Covid. Estamos imunizados, mas não livres da Covid. Isso gera, sim, uma frustração. Mas, se a festa não é segura, precisa ser cancelada.”

A dona de casa Vânia Imbroinisio, 58 anos, de Irajá, na Zona Norte, acha que o cancelamento do Réveillon foi uma medida “excelente”. “No ano novo, eu vou ficar em casa. Já estou em casa. Pelo perigo que está acontecendo, né? Estou muito animada para tomar a minha terceira dose. Queria que fosse hoje”, conta.

É o que diz também a manicure Luciene Almeida, 37 anos, moradora de Bangu, na Zona Oeste. “Eu vou ficar na minha casa, como todo ano. Tenho que evitar aglomeração, porque eu sei que é perigoso para todo mundo.”

“Não deixa de ser uma decepção, mas a gente não pode dizer que é uma surpresa, considerando a chegada da nova variante”, completa Thamyres Magalhães, 20 anos, de Colégio, na Zona Norte.

A auxiliar administrativa Tamara Ferreira, de 38 anos, também não queria comemorar a virada do ano em casa, mas ainda concorda com a decisão. Ela é de São Gonçalo, na Região Metropolitana, e costuma passar o Réveillon no Rio. “O momento pede cautela e a melhor coisa que nós podemos fazer é vacinar, receber o reforço dos imunizantes e manter as medidas de prevenção, como uso de máscaras e higienização de mãos”, conta.
No início da manhã, o prefeito Eduardo Paes falou à imprensa sobre a decisão . "Eu anunciei hoje (sábado) pela manhã o cancelamento das festividades de Réveillon na cidade do Rio de Janeiro. Tomei essa decisão porque nós temos sempre norteado nossas ações aqui em uma postura de ouvir aquilo que nós identificamos a ciência, aqueles que têm como norte a preservação de vidas. Sempre foi assim desde janeiro, quando eu assumi a prefeitura", afirmou Paes. Ao todo, já são 21 capitais brasileiras que não irão realizar festas de Réveillon.
*Estagiária sob supervisão de Raphael Perucci