Com a empresa Naturália, estudante da Faetc desenvolveram produto reutilizava que substitui lenços umedecidos, que prejudicam o ecossistema marítimo Divulgação

Rio - Quatro estudantes da Escola Técnica Adolpho Bloch, unidade vinculada à Faetec, em São Cristóvão, Zona Norte, irão representar o Brasil na final do 13º Concurso Internacional de Empresas Estudantis intitulado Company Of The Year (Empresa do Ano), que premia os melhores projetos de toda América Latina. Os alunos do Ensino Médio Camille Cristina, Elizeu Rodrigues, Enzo Gama e José Pedro fundaram uma miniempresa estudantil com o intuito de pensar e implementar projetos sustentáveis que, além de facilitar a vida da população, respeitam o meio ambiente em todas as etapas de produção. Assim nasceu a 'Naturalía', como é chamada. Eles irão competir entre os dias 7 e 9 de dezembro contra projetos de 10 países.
A receita para o sucesso, considerando que outros projetos fizeram o mesmo percurso, é conhecida: um professor dedicado, alunos esforçados e suporte de uma coordenação que acredita no potencial dos estudantes como o Centro de Integração e Empreendedorismo Social (CIES). Gestor do CIES, o professor Francisco Fernandes Neto, afirma que o empreendedorismo praticado no Ensino Médio da unidade suplanta a ideia de que empreender seja apenas lucrar.

“Os projetos dos nossos alunos têm, necessariamente, viés social, ecológico, sustentável e evidentemente empresarial. Eles trazem os problemas do dia a dia identificados em seus bairros, que têm potencial de se tornarem iniciativas de projetos para toda sociedade”, disse Francisco.

O produto surgiu da criatividade dos adolescentes, que idealizaram algo que fosse inovador e, ao mesmo tempo, sustentável, dialogando com a preservação de espécies marinhas. Por meio de estudos, os alunos identificaram que o descarte de lenços umedecidos para cuidados estéticos é um dos grandes vilões para o meio ambiente. Aproximadamente, 35% de todo microplástico dos oceanos vêm da indústria da moda, é o que descobriu a aluna Camille Cristina, integrante da Naturalía, enquanto planejava o surgimento da empresa virtual.

“Cerca de 1.440 a 2.400 lenços são descartados em um período de dois anos. Os lenços umedecidos, que possuem substâncias hostis para pele, são compostos por microplásticos, e ainda contém substâncias antibacterianas que dificultam a decomposição do material”, explica Camille Cristina, aluna que exerceu a função de diretora de Sustentabilidade na miniempresa.

Em meio à reflexão sobre os impactos causados ao meio ambiente, o disco de tecido reutilizável foi a alternativa encontrada pelos estudantes, pois prolonga a vida útil do produto em até dois anos, com a sua fabricação 100% de algodão. Entre as funcionalidades, a peça também é diferenciada por ser reutilizável. Após o uso, é só lavar, deixar secar e utilizar novamente.

“Com design inovador, os EcoDiscos são os primeiros discos de algodão do mundo em formato de tartaruga, simbolizando a vida marinha, cuja qual nós, alunos, estamos ajudando a preservar. Uma vez que os lenços umedecidos têm seu descarte incorreto, e acabam parando nos mares, esses animais marinhos são muito afetados. Eles confundem os microplásticos com alimentos e se intoxicam”, esclarece o estudante Enzo Gama, que está no último ano de formação.

A Naturalía foi um projeto piloto, que visava desafiar os alunos do curso técnico, durante a pandemia. O pioneirismo em constituir uma miniempresa 100% on-line foi incentivado pela Junior Achievement (JA), organização não governamental e sem fins econômicos. A unidade foi provocada a criar, de forma criativa, uma empresa que possuísse a mesma estrutura que as iniciativas físicas. O estudante Elizeu Rodrigues, em fase de conclusão do curso, conta sobre a experiência do modelo piloto.

“Foi uma experiência incrível viabilizar uma empresa online e que pudesse ser competitiva. O mais desafiador desse projeto foi a logística, mantendo todas as células da cadeia produtiva. Mas todos os alunos cumpriram sua parte na confecção do produto, com cada um sendo responsável por uma etapa na linha de montagem, como o corte, a costura, o controle de qualidade e a venda. E, para nossa alegria, cumprimos a meta”, comemora Elizeu Rodrigues.

O objetivo da competição JA Company of the Year é criar uma vitrine exclusiva para a Junior Achievement e os alunos do ensino médio que se beneficiam do impacto do JA Company Program. Esta celebração anual de sucesso, que está em sua 13ª edição, reúne projeto de 11 países, entre os dias 07 e 09 de dezembro, com o objetivo de que os jovens demonstrem sua visão de negócios e espírito de empreendedorismo em um ambiente competitivo, envolvendo líderes de negócios, educação e políticas, bem como a mídia.