Criminosos do Morro da Serrinha atearam fogo em pneus e cabos para impedir a passagem da PM na terça-feira (7)Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia

Rio - O Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) realiza, na manhã deste sábado (11), uma operação no Morro da Serrinha, em Madureira, Zona Norte do Rio, para estabilização da região após os intensos confrontos entre criminosos na área. Nas redes sociais, moradores acordaram assustados com os tiros.
"Já virou rotina acordar com esse despertador. Ninguém aguenta mais todo dia tiroteio, Serrinha precisa de paz"; "Em pleno sábado a choque na comunidade da Serrinha dando tiro aterrorizando moradores. Suando frio, a comunidade pede paz", escreveram alguns moradores.
Às 6h25, a plataforma Fogo Cruzado registrou tiroteios na região. De acordo com a PM, até o momento, não há informações sobre prisões ou apreensões.
Por volta das 10h, moradores começaram a se reunir para protestar na Avenida Ministro Edgard Romero, em frente ao Mercadão. Manifestantes colocaram caixotes próximo à entrada da estação do BRT Mercadão. Eles pedem paz após dias de intensos confrontos na comunidade. A Polícia Militar informou que está com equipes estabilizando a região e garantindo o fluxo de trânsito.
 
Moradores fazem protesto na Avenida Ministro Edgard Romero, em Madureira - Divulgação
Moradores fazem protesto na Avenida Ministro Edgard Romero, em MadureiraDivulgação
Desde o início da semana a comunidade é alvo de confrontos entre traficantes locais e criminosos de facções rivais, além de ter sido palco de operações da Polícia Militar. Por volta das 18h30, da última sexta-feira (10), publicações nas redes sociais também relataram troca de tiros na região. Um perfil chegou a dizer que criminosos estariam "testando" fuzis e que um grupo teria vindo do Campinho, também na Zona Norte, e estaria reunido na Serrinha.
Na quinta-feira (9), a Clínica da Família Mestre Molequinho do Império foi fechada devido ao intenso confronto entre facções rivais pelo controle do Morro da Serrinha. Na noite da última quarta-feira (8), traficantes do Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, tentaram invadir a comunidade rival e a volta para casa deixou moradores no meio do tiroteio. Um carro chegou a ser incendiado na Avenida Ministro Edgar Romero, que chegou a ser interditada.
A disputa entre os criminosos já havia provocado uma tentativa de ocupação do Morro do Juramento, controlado pelo Comando Vermelho (CV), realizada em novembro pelos criminosos da Serrinha, que pertence ao Terceiro Comando Puro (TCP). O chefe do tráfico da comunidade de Madureira, Wallace Brito Trindade, conhecido como "Lacoste", também já tentou dominar o Morro do Cajueiro, no mesmo bairro, que também faz parte da facção rival.


Na terça-feira (7), o 9º BPM (Rocha Miranda) realizou uma operação na comunidade para retirar barricadas e verificar denúncias. Na ação, os PMs encontraram um imóvel que pertence ao chefe do tráfico da região, Wallace Brito Trindade, o "Lacoste". O espaço era usado para festas e reuniões dos traficantes e tem áreas de lazer com piscinas e churrasqueiras, além de um canil, com diversos pitbulls.
Lacoste liderou invasão ao Morro do Cajureiro que terminou com criança morta
Wallace Brito Trindade, conhecido como "Lacoste" e também identificado como "Flamengo", "WC" ou "Salomão", de 34 anos, é ligado a facção Terceiro Comando Puro (TCP), chefia o tráfico de drogas nas comunidas da Serrinha, Fazenda, Patolinha, São José e Dendezinho, que pertencem ao Complexo da Serrinha, em Madureira, na Zona Norte do Rio.
De acordo com o Portal dos Procurados, a região ostenta a maior quantidade de armas e bocas de fumo da grande Madureira. Segundo informações seriam centenas de fuzis e pontos de drogas, que rendem, mensalmente, mais de R$ 700 mil para facção que domina todas as cinco favelas do complexo, e os traficantes são arregimentados na própria comunidade.

O criminoso vem tentando tomar os pontos de drogas do Morro do Cajueiro, que também fica em Madureira, e é dominada pela facção rival, o Comando Vermelho. No domingo de Páscoa de 2016, Lacoste ordenou que os traficantes invadissem o Morro do Cajueiro e, no momento da invasão, Ryan Gabriel Pereira dos Santos, de apenas 4 anos, que brincava com o avô na calçada, foi atingido por um disparo.
O menino deu entrada em estado grave de saúde no Hospital Estadual Getúlio Vargas, no bairro da Penha. A bala teria entrado pelas costas da crianças e saída por seu peito. Após passar por uma cirurgia, a vítima não resistiu. Contra Wellington constam dois mandos de prisão e um pelo crime de homicídio, além de outro por associação para tráfico, expedidos, respectivamente, pelas 1ª e 2ª Vara Criminal da Capital.