Leniel é assistente de acusação no caso que julga a morte do filhoMarcos Porto

Rio - Leniel Borel, pai de Henry, de 4 anos, acompanhou do lado de fora do tribunal, a segunda audiência de julgamento de Monique Medeiros e Jairinho, no processo que apura a morte da criança. O engenheiro recebe o apoio de diversos grupos de mães que pedem justiça pela vida de Henry. O menino foi morto em março deste ano e de acordo com o laudo cadavérico, ele sofreu 23 lesões por ação violenta antes de morrer.
"Eu tenho lutado por justiça pelo meu filho diariamente. Eu gostaria de estar lá dentro [...] por ser assistente de acusação, e uma das testemunhas, fui aconselhado pela promotora e pelos meus advogados e não comparecer porque de acordo com o código penal brasileiro, uma testemunha não pode ouvir a outra então, estou respeitando. Eu estou fazendo de tudo para que a justiça seja feita", disse abalado em entrevista ao RJTV.
Dez testemunhas de acusação e defesa serão ouvidas entre esta terça e quarta-feira. A Tia de Jairinho, Herondina de Lourdes já prestou depoimento. Jairinho foi preso na casa de Herondina, em Bangu, na Zona Oeste do Rio. Em depoimento, ela disse que no momento que o delegado Edson Damasceno entrou na residência, ele teria dito "eu disse que ia te pegar e peguei", contou na audiência. O fato chamou atenção dos presentes. Ela também alegou que pediu para não machucar o sobrinho e o titular da especializada teria respondido "não vou machucar ele, vou levar para a delegacia".
Questionada sobre a relação de Jairinho e a criança, Herondina disse que conheceu o menino Henry no carnaval, em fevereiro deste ano, em uma viagem à Mangaratiba. Ela disse que durante o período, Henry brincava normalmente com outras crianças. Herondina alegou que não tinha conhecimento sobre animosidades entre o casal e a criança e que quando o menino estava na casa dela, em Bangu, era Monique quem preparava a comida do filho. Durante o depoimento, Monique começou a chorar no tribunal ao ouvir os relatos sobre a relação com o filho.
Outra testemunha de defesa,  Thiago K. Ribeiro, conselheiro do Tribunal de Contas do Município (TCM) se disse amigo íntimo do ex-parlamentar e descreveu o acusado como uma pessoa "muito carinhosa".
"O Jairinho era um dos mais carinhosos dos 51 vereadores da Câmara Municipal, onde nos conhecemos em 2012. Quando os debates eram mais duros, as pessoas sempre brincavam que não dava para discutir com Jairinho, pela cordialidade e carinho dele para com os colegas. Todos os parlamentares gostavam dele. Ele era uma figura querida na Câmara", disse Thiago K. Ribeiro.
A cabeleireira de Monique, Tereza Cristina dos Santos, também já foi ouvida. Ela confirmou ter presenciado uma chamada de vídeo entre a babá de Henry e Monique, em que a funcionária mostrava que o menino estava mancando.
"Pelo celular ela filmava o menino andando no corredor. Ele estava mancando. Depois ouviu menino perguntando se ele atrapalhava a mãe. Ela disse que não. Ainda ouvi o menino dizendo que o tio havia brigado com ele ou batido. Não deu para ouvir ao certo", disse Tereza que relatou ter ouvido uma ligação na sequência, em que Monique, segundo ela, disse: "Para de dizer ao meu filho que ele me atrapalha, isso não é verdade" e "se você mandar a babá embora, eu vou junto também, porque ela trata muito bem do meu filho".
A cabeleireira ainda confirmou que, após a ligação, Monique perguntou se havia alguma loja que vendesse câmeras no shopping: "Entendi nesse momento que ela estaria desconfiada de alguma coisa".
Presos desde 8 de abril, um mês após a morte do menino, Monique e Jairinho foram denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) por homicídio qualificado (por motivo torpe, com recurso que dificultou a defesa da vítima e impingiu intenso sofrimento, além de ter sido praticado contra menor de 14 anos), tortura, coação de testemunha, fraude processual e falsidade ideológica.