Noeme Camargo mãe de Leniel Borel, avó de HenryMarcos Porto / Agência O Dia

Rio - Familiares do pai de Henry, Leniel Borel, acompanham o julgamento do caso Henry no Tribunal de Justiça do Rio. Cerca de treze pessoas estendiam cartazes com pedidos de Justiça na manhã desta quarta-feira. A avó paterna de Henry, Noeme Camargo, 64, criticou os depoimentos de terça-feira e cobrou celeridade no processo. O pai do menino está comparecendo ao tribunal, mas não está acompanhando as audiências.

"Eu achei muita mentira. Estão querendo ganhar tempo, achando que vão ganhar no cansaço, mas não vão. Se fosse uma pessoa qualquer, já estava preso há muito tempo. Mas como é médico, vereador, fica nessa, enrolando. A gente está vindo para dar força, carinho e amor para o meu filho", afirmou Noeme Camargo, antes da sessão desta quarta.

Na terça-feira, foram ouvidas dez testemunhas do caso: uma de acusação, a cabeleireira Tereza Cristina dos Santos, sete testemunhas de defesa de Jairinho e duas de defesa de Monique. A audiência de instrução e julgamento foi retomada na manhã desta quarta-feira. São esperadas dez testemunhas de defesa da mãe da vítima, nesta quarta-feira.

Durante audiência na terça-feira (14), a ex-assessora de Dr. Jairinho e amiga da família há pelo menos 30 anos, Cristiane Isidoro afirmou que Monique manifestou o desejo de ter um filho com o ex-vereador, após a morte de Henry, quando estavam no carro a caminho da gravação de um programa de TV. Segundo a versão, Monique afirmou que Jairinho desfaria uma vasectomia. Outra testemunha que estaria no carro na ocasião, o motorista Rogério Baronio, repetiu a versão durante seu depoimento na terça-feira.

Monique Medeiros caiu no choro durante a sessão de ontem (14) ao ouvir relatos sobre o dia da morte do menino.

O conselheiro do Tribunal de Contas o Município Thiago K Ribeiro destacou em seu depoimento como testemunha de defesa de Jairinho que o colega era carinhoso e conciliador na Câmara Municipal. O filho e a ex-companheira do réu defenderam que o ex-vereador não é violento e que não destratava crianças. Questionado sobre o porquê de o parlamentar ter tido o mandato cassado se era tão querido, o estudante de Direito Luís Fernando Abidu Figueiredo Santos, de 24 anos, afirmou que os vereadores foram pressionados pela repercussão midiática do caso.

O pai de Dr. Jairinho, Coronel Jairo, foi testemunha de defesa de Monique Medeiros, em seu depoimento, ele levantou suspeitas sobre o laudo do IML que apontou 23 lesões no corpo da criança. Coronel Jairo disse que esteve no hospital Barra D'Or, para onde Henry foi levado no dia 8 de março, data da sua morte. A assessora do ex-vereador também reforçou essa versão de que no hospital o menino apresentava apenas um ferimento próximo ao nariz, que poderia ter sido provocado por procedimentos médicos.

Perguntado se havia conversado com o filho sobre o que teria acontecido na noite da morte de Henry, Coronel Jairo disse que sim, e que o filho havia respondido que estava dormindo no momento do incidente. Coronel Jairo disse também que não acredita que Monique tenha provocado a morte do menino. Para justificar o perfil não violento do filho, Coronel Jairo disse que Jairinho foi "criado na poesia". Ele também afirmou que havia livros sobre psicopatia e 'serial killer' e constatado que o filho não correspondia a esse perfil.
Relembre o caso
Henry Borel tinha 4 anos e morreu na madrugada do dia 8 de março deste ano, após dar entrada na emergência do Hospital Barra D'Or, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. As investigações e os laudos da Polícia Civil apontaram que a criança morreu em decorrência de agressões e torturas.
O padrasto, Dr. Jairinho, e a mãe do menino, Monique Medeiros, foram indiciados pelo crime. O casal responde pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, tortura e coação de testemunhas. Para a polícia, a mãe de Henry Borel era conivente com as agressões do namorado contra o filho.