MP entendeu que indícios eram 'frágeis' e pediu soltura de PMs envolvidos em mortes no Andaraí
Justiça soltou os cinco militares em audiência de custódia, no sábado (18). MP afirma que eles 'se encontravam no cumprimento de seus deveres'. Moradores fotografaram cenas e denunciam dupla execução
Ataque deixou seis feridos em bar de Inhaúma, na Zona Norte - WHATSAPP O DIA
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Rio - O Ministério Público do Rio (MPRJ) pediu a soltura dos cincos policiais militares presos por uma suposta dupla execução de suspeitos na última sexta-feira (17), no Morro do Andaraí, com o argumento de que os indícios dos autos de prisão em flagrante eram 'frágeis'. Os registros feitos na 19ª DP (Tijuca) não continham as fotos divulgadas por moradores nas redes sociais - nelas, os suspeitos aparecem rendidos, e depois caídos ao chão.
O grupo de PMs foi preso na noite de sexta, mas a juíza Ariadne Villela Lopes, de plantão na Central de Custódia, em Benfica, acatou o pedido e determinou a soltura dos presos no sábado. Nesta segunda, o MP encaminhará um relatório à Promotoria de Justiça com denúncias de moradores. Já a Polícia Militar abriu um Inquérito Policial Militar (IMP) e afirmou que os agentes ficarão afastados das ruas.
O caso aconteceu no início da tarde de sexta-feira (17), na rua Borda do Mato. Dois homens morreram e armas e drogas foram apreendidas, mas moradores afirmam que eles já estavam rendidos pela polícia quando foram mortos. Imagens que circulam nas redes sociais mostram duas cenas diferentes: na primeira, os dois homens estão algemados e imobilizados por policiais. Na segunda, já caídos no chão.
Em nota, o MP afirmou que "tais fotografias não foram localizadas no Auto de Prisão em Flagrante (APF), motivo pelo qual o Ministério Público, entendendo frágeis os indícios trazidos aos autos, ao menos em sede de cognição sumária, se manifestou pela liberdade provisória dos custodiados". O MP afirmou que considera ainda que os policiais "se encontravam no cumprimento de seus deveres".
A juíza liberou os policiais Bernardo Costa de Azevedo, Marlon Henrique Souza Antunes, Anderson Ricardo da Silva Giubini, Thiago Lira da Rocha e Jonathan Silva. Armas e celulares dos suspeitos, que tinham sido apreendidos pela Delegacia de Homicídios (DHC), foram devolvidos no fim da audiência de custódia. Eles foram soltos logo depois.
Questionada pelo DIA, a DHC afirma que "atuou na ocorrência de forma técnica, tendo apresentado decisão fundamentada a respeito do caso, com elementos comprobatórios descritos e fotos anexadas aos autos no sistema conforme procedimento padrão".
MP encaminha relatório à Promotoria de Justiça
Nesta segunda-feira (20), o Ministério Público deve encaminhar um relatório para a Promotoria de Justiça junto à Auditoria Militar com a apuração das denúncias recebidas, sobre a execução de pessoas durante ação da PM no Morro do Andaraí, na Zona Norte.
Segundo o MP, o plantão permanente do Grupo Temático GTT-ADPF 635 foi acionado, a partir de 12h42, com denúncias sobre ocorrência policial com mortes no Morro do Andaraí. Posteriormente, prossegue o MP, chegaram novas informações, com fotos e áudios, dando conta de que pessoas teriam sido executadas.
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