Rio - A presença dentro das comunidades é uma das apostas da Subsecretaria de Habitação do Estado do Rio de Janeiro como diferencial do 'Na Régua'. Os 18 escritórios instalados nas favelas da capital e comunidades da Baixada Fluminense disponibilizarão serviços de arquitetura e engenharia, com o suporte de assistentes sociais e pesquisadores, para os projetos selecionados.
"O morador de favela sabe da dificuldade de transitar em becos e vielas, muitos sofrem diariamente pela falta de ligação hidrossanitária. O direito à moradia é uma competência do governo estadual, municipal e federal. É preciso fazer valer o marco da Constituição de 1988... O projeto será construído com a favela e com seus moradores", disse Allan Borges, Subsecretário de Estado de Habitação.
O projeto Na Régua buscou referências em propostas bem-sucedidas como a realizada pela Fundação Bento Rubião. Arquiteta, urbanista e coordenadora do 'Programa Direito à Habitação' da entidade, Sandra Kokudai compartilhou um pouco de sua experiência no 'Fórum - Moradia, retomar com dignidade'.
"Moradia é um direito humano fundamental. E deveria constar no orçamento do poder público permanentemente... Fiquei feliz por algumas das propostas, como a criação de escritórios locais que levarão o serviço público para dentro das comunidades. Trata-se de um problema gigantesco que precisa ser resolvido", disse Sandra.
Presidente nacional da Central Única das Favelas (Cufa), Preto Zezé destacou a importância do Estado se fazer presente dentro das comunidades. Apenas no Rio de Janeiro quase 1,5 milhão de pessoas vivem em mais de mil favelas na cidade. A ausência do poder público, muitas vezes, é preenchida pelo domínio de facções criminosas e milícias. Preto Zezé foi enfático ao cobrar o cumprimento e a execução das propostas apresentadas.
"O Na Régua avançou na questão do diálogo com o morador. Isso é definidor, positivo. .. Do ponto de vista do governo é muito bonito, mas sem orçamento não se faz política pública", resumiu Preto Zezé.
Membro do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) e integrante da Comissão Temporária de Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social (CATHIS), Emmily Leandro reforçou a urgência na execução das propostas de política pública de habitação debatidas, destacando que o conhecimento do local, por intermédio dos próprios moradores, associações e movimentos, deve ser levado em consideração pelo poder público.
"Trabalhar com evidências e vivências com movimentos e grupos de gestão é importante... Uma das propostas debatidas no CAU é a criação de uma modalidade, a partir do Casa da Gente, de autogestão, contemplando esses movimentos, instituições, associações, que já têm feito esse trabalho dentro dos territórios para que tenham acesso aos recursos públicos para finalizar construções iniciadas”, destacou Emmily Leandro.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.