Bandidos explodiram caixa eletrônico em Benfica, na Zona Norte do Rio, em novembro de 2021Divulgação

Rio - Em 22 de dezembro, policiais da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) prenderam Pedro Henrique Silva de Oliveira, o Petha, que, de acordo com a especializada, faz parte uma quadrilha especializada em assaltar caixas eletrônicos. Ele era um dos criminosos mais procurados pela DRF por integrar uma organização criminosa de Santa Catarina, responsável praticar diversos ataques na Capital e na Região Serrana. Para a Polícia Civil, a identificação de integrantes desses grupos e o monitoramento dos mesmos foi primordial para que houvesse uma diminuição significativa nos índices dessa modalidade criminosa. Nos últimos dois anos, 26 suspeitos foram presos. 
Os ataques e tentativas de assalto a caixas eletrônicos no Estado do Rio tiveram uma redução de 57% em 2021 comparado ao ano anterior, segundo levantamento da especializada, ao qual O DIA teve acesso. Em 2020 foram registrados 79 casos, enquanto no ano passado foram contabilizados 34 registros.
"Atribuímos a queda dos índices à atuação qualificada da Polícia Civil no combate a esta modalidade criminosa, destacando-se o trabalho desenvolvido pela DRF nos últimos anos, com a identificação, prisão e desmantelamento de quadrilhas especializadas que atuavam nessa modalidade criminosa. Para se ter uma ideia, não ocorre ataques a caixas eletrônicos na região de Niterói, São Gonçalo e adjacências, em municípios como Maricá e Rio Bonito, por exemplo, há mais de oito meses", declarou o delegado Gustavo Castro, titular da DRF.
O último caso registrado em 2021 na Região de Niterói aconteceu em março, em Maricá. Na noite do dia 21 daquele mês, criminosos tentaram roubar um caixa eletrônico num posto de combustíveis, no bairro de Inoã, mas tiveram a ação frustrada por uma ação da PM, que recebeu uma denúncia sobre o plano dos assaltantes.
Embora nesta ocasião a ação criminosa tenha sido impedida pela polícia, o delegado afirma que na maioria dos casos, os bandidos não conseguem levar nada.
"Outro dado importante é que em mais da metade dos ataques os criminosos não conseguem obter êxito", disse Castro.
A Polícia Civil registra ataques a caixas eletrônicos de todos os bancos e unidades 24horas, exceto os atentados a Caixa Econômica Federal, que são contabilizados pela Polícia Federal. De acordo com a PF, a instituição bancária foi alvo de criminosos no Rio de Janeiro seis vezes tanto em 2020, como em2021.
"Desde o ano de 2018 houve considerável redução nos números de ocorrências de roubos às agências bancárias e de explosões de caixas eletrônicos, dessa forma, nos anos de 2020 e 2021 não houve operação especial deflagrada pela Polícia Federal, no Estado do Rio de Janeiro, com a finalidade de coibir esses crimes", informou em nota.
Prisão de 26 integrantes de quadrilhas especializadas
Nos últimos dois anos, agentes da DRF prenderam 26 criminosos que integravam quadrilhas especializadas em ataques a caixas eletrônicos. Segundo Castro, esses bandos são formados por bandidos do Rio que se unem a assaltantes de outros estados.
"As quadrilhas são formadas por criminosos oriundos de diversos Estados da Federação, principalmente da região Sul. Na maioria dos casos, criminosos de outras regiões, especializados na abertura dos caixas eletrônicos, se aliam a bandidos do Rio de Janeiro, os quais, por sua vez, ficam responsáveis pelo levantamento dos locais, obtenção de veículos, vigilância, e de conseguir um local seguro para encontros e divisão de eventual produto do crime", explicou o delegado. 
Pedro Henrique Silva de Oliveira, o Petah, seria ligado a criminosos de Santa Catarina, especializados em ataques a caixas eletrônicos  - Divulgação
Pedro Henrique Silva de Oliveira, o Petah, seria ligado a criminosos de Santa Catarina, especializados em ataques a caixas eletrônicos Divulgação
Um desses criminosos é Petha, capturado no interior de um shopping em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. As investigações da DRF apontaram que ele é ligado a uma organização criminosa de Santa Catarina e foi identificado em diversos ataques a caixas eletrônicos no Estado do Rio de Janeiro, ocorridos na Universidade Católica de Petrópolis e na Cidade do Rio.
"Petha era o responsável por fazer levantamento de local, disponibilizar veículos. O grupo dele usa lança térmica", falou Castro.
Quadrilhas também fazem aliança com facção criminosas
Ainda de acordo com as investigações, essas quadrilhas especializadas em ataques a caixas eletrônicos também se aliam a traficantes.
"Muitas das vezes, integrantes de facções criminosas também estão envolvidos nos ataques, na medida em que conseguem com certa facilidade toda a estrutura para o cometimento de tais crimes", esclareceu o delegado. 
André Marques Gullo, conhecido como Rosca, é apontado como um cara altamente especializada em ataques a instituições bancárias  - Divulgação
André Marques Gullo, conhecido como Rosca, é apontado como um cara altamente especializada em ataques a instituições bancárias Divulgação
Um dos assaltantes que se uniu a traficantes foi André Marques Gullo, o Rosca, preso em abril de 2021. Segundo as investigações, ele tinha relação com lideranças do tráfico da Costa Verde, ligadas ao Comando Vermelho (CV). Além disso, ele também integrava uma quadrilha especializada de São Paulo.

Para a polícia, Rosca era peça fundamental na organização criminosa por manusear uma ferramenta conhecida como lança térmica. O objeto, avaliado em cerca de R$ 5 mil e usado em navios para cortar concreto e aço, tem sido utilizado por criminosos nos ataques para substituir explosivos.