Movimentação para testes de covid-19 no no Centro Municipal Maria Augusta Estrella, em Vila IsabelMARCOS PORTO/AGÊNCIA O DIA

Rio - Uma variante que se espalhou como pólvora nos últimos dias do ano passado faz as duas primeiras semanas de 2022 serem de recordes de casos de covid-19. Nos últimos 14 dias, o estado do Rio teve mais de 69 mil casos, número que supera o dos últimos três meses de 2021, de outubro a dezembro - foram cerca de 63 mil. Diante da explosão de notificações, as secretarias de saúde se esforçam para ampliar a testagem. Neste sábado (15), o estado abre um polo de diagnóstico grátis na UPA do Colubandê, em São Gonçalo.
O Painel da Covid estadual aponta que, do dia 2 de janeiro ao dia 13 de janeiro, foram registrados 69.279 casos novos nos municípios do Rio - a contagem de 2022 começa no segundo dia do ano porque os números dizem respeito às 24 horas anteriores. Do início de outubro ao fim de dezembro, foram 63.213 casos. O estado precisou de 12 dias para ultrapassar os 90 dias anteriores. E esses números podem estar subnotificados por conta dos assintomáticos, que acabam não fazendo o teste, e pelo represamento de dados no sistema.
Com a explosão de casos, estado e prefeitura se mobilizaram para abrir novos centros de testagem grátis. Neste sábado (15), a Secretaria Estadual de Saúde inaugura seu décimo polo, na UPA do Colubandê, em São Gonçalo. Nos centros de testagem administrados pelo estado é necessário fazer agendamento prévio no site (https://agendamentotestecovid.saude.rj.gov.br/cadastro-exame). 
Nesta sexta-feira (14), cariocas mais uma vez se deslocaram para os postos de saúde municipais em buscas de testes. No Hospital Municipal Rocha Maia, em Botafogo, a espera estava bem organizada, sem aglomeração. Já no Centro Municipal de Saúde Maria Augusta Estrella, em Vila Isabel, a fila tomou a calçada.
É covid ou gripe? Especialistas apontam importância da testagem e do isolamento
A variante Ômicron, que circula de maneira veloz pelo mundo, apresenta comportamento diferente das cepas das primeiras ondas da covid, segundo especialistas. Sintomas que eram bem particulares da doença, como a perda do paladar, já não se manifestam de maneira tão intensa neste momento, o que mexe com a cabeça da população com a pergunta: será que estou gripado, ou com covid?
"Na prática, não existe uma diferença de sintoma que feche diagnóstico", explica Chrystina Barros, especialista em Gestão de Saúde e membro do Comitê de Combate ao Coronavírus da UFRJ. "Tanto para gripe quanto covid, neste momento, os sintomas são genéricos e inespecíficos. Diferente de quando a covid surgiu e muitas pessoas não tinham olfato, nem paladar. Agora, as pessoas tem sintomas relacionados a garganta, cansaço, dor no corpo, febre. Sintomas que também compõem o quadro de gripe", afirma Chrystina.
Com a dificuldade de um diagnóstico mais simples, a orientação da pesquisadora é se isolar imediatamente, com uso de máscara e higienização, além de testar o quanto antes. "A única forma de ter certeza do diagnóstico é através de exames. E obviamente, com a sobrecarga de todo o sistema para testagem, com o risco de desabastecimento de material, é muito importante que as pessoas se cuidem, e a partir de qualquer sintoma, seja gripe, ou covid, busquem medidas de isolamento como medida de contenção. Se afastar de outras pessoas, usar mascara, lavar as mãos o máximo de vezes possível", completa.
Ômicron é menos agressiva e ataca vias respiratórias
A médica Roberta França explica que a variante Ômicron apresenta sintomas mais leves do que as cepas que circularam nas ondas anteriores, como a Gama e a Delta. A maior particularidade da Ômicron atual é concentrar os sintomas na face - dor de garganta, dor de cabeça, congestão nasal.
"A Ômicron se mostra muito menos agressiva. Os pacientes com a Delta tinham problemas pulmonares muito mais graves. Tínhamos um índice de internação e de pacientes entubados muito maior. O pulmão era extremamente afetado. A Ômicron tem mais sintomas de face, simulando uma gripe. O paciente tem mais coriza, dor de cabeça, dor de garganta. Ela é muito mais transmissível, mas bem menos agressiva. Obviamente, com a vacinação grande das pessoas, ela perde a força", analisa Roberta.