Aurélio Alves Bezerra matou vizinho negro que retornava do trabalho, em São GonçaloReprodução

Rio - Um trabalhador foi morto a tiros por um vizinho ao chegar do supermercado em que trabalhava em Niterói em seu condomínio em São Gonçalo pelo fato de ser negro. É o que desabafa e lamenta sua família. A filha de Durval Teófilo Filho, 38, estava na janela e ouviu os tiros que mataram o pai na noite desta quarta-feira (2). Tio da vítima, Jorge Luiz pediu justiça emocionado na tarde desta quinta-feira no Instituto Médico Legal de São Gonçalo. 
Durval Teófilo foi morto por militar ao entrar na sua própria casa em condomínio em São Gonçalo - Reprodução
Durval Teófilo foi morto por militar ao entrar na sua própria casa em condomínio em São GonçaloReprodução
Os parentes rechaçam a versão do militar Aurélio Alves Bezerra, que alegou que pensou que Durval cometeria um assalto. O militar foi preso em flagrante.
"Ele (Durval) nem olhou o carro do cara. Ele botou a mão na mochila para pegar a chave e abrir o portão da casa dele. Isso é racismo. Porque acham que o cara negro não pode morar em certo tipo de lugar. Isso não existe. Fica meu pedido que a Justiça seja feita. Que ele pague pelo que ele fez", cobrou.
Imagens do circuito do sistema de segurança mostram o momento em que Durval chega e abre a mochila. Na sequência, de dentro do carro Aurélio efetua disparos contra a vítima. O militar desembarca e atira mais contra Durval, que já estava caído no chão. Aurélio então se aproxima da vítima e o socorre ao Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo, onde deu entrada às 23h26. Mas, o homem não resistiu.
Cuidado, imagens fortes!
"O garoto estava chegando em casa, a filha na janela esperando o pai e acontece um negócio desse. Vai dizer que confundiu com bandido? Deveria pelo menos atirar para o alto, se fosse isso. Ele deu um tiro do carro, saiu e deu mais dois. O garoto trabalhador, saía do serviço e ia para casa todo dia nesse horário. Trabalhava no Mundial de Santa Rosa. Ele não mexia com ninguém. Era cristão. O garoto andava só de cabeça baixa. Isso não pode ficar impune. Esse cara tem que ser punido', reforçou o tio. 
Procurada, a Marinha ainda não retornou à reportagem sobre o caso.
A Polícia Militar informou que, na noite de quarta-feira (2), policiais militares do 7ºBPM (São Gonçalo) estiveram no Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo, após um homem baleado dar entrada na unidade e não resistir aos ferimentos.
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG). A Polícia Civil informa que os agentes realizam diligências para esclarecer os fatos.
* Com Marcos Porto