Yagofábio costa

Rio - Yago Corrêa, de 21 anos, deixou a prisão por volta das 16h desta terça-feira (8), em Benfica, na Zona Norte do Rio, após passar duas noites encarcerado por um crime que não cometeu. O estudante foi preso no último domingo (6), por policiais militares no Jacarezinho, Zona Norte do Rio, no momento em que havia saído para comprar pão. Segundo o registro de ocorrência, Yago foi preso junto com um adolescente, que estava com uma bolsa com 30 gramas de cocaína e 150 gramas de maconha. No entanto, familiares dizem que o jovem não estava com o adolescente, e que foi preso porque correu quando os policiais se aproximaram.
Assim que deixou deixou o presído, o jovem falou com a imprensa e explicou o motivo de ter corrido dos policiais. "Eu não sou bandido, não sou nada, sou morador, só. Eles queriam me matar. Falaram para eu sentar para me matar. Eu corri porque eu tive que correr, não vou ficar", afirmou Yago.
A Polícia Civil, inicialmente, pediu a conversão da prisão em flagrante, em preventiva. Mas reviu a decisão após reconhecer que há "dúvida razoável" sobre a prática de crime por parte de Yago. A audiência de custódia está prevista para amanhã (8) entre 13h e 18h. Em despacho enviado à Justiça nesta segunda-feira, o delegado adjunto da 25ª DP (Engenho Novo) reconhece que há "dúvida razoável" na imputação de crime de associação ao tráfico contra o jovem. Os policiais disseram em conversa informal que Yago "talvez estivesse no lugar, errado na hora errada".
O jovem afirmou em delegacia que não conhecia o adolescente detido com drogas e afirmou que estava comprando pão para um churrasco, quando foi abordado pelos policiais. A versão foi corroborada por familiares que procuraram a delegacia e por amigos que estavam na confraternização e foram chamados para depor. O delegado responsável pelo caso reviu a decisão e encaminhou o pedido de soltura e a instauração de inquérito para "evitar injustiças".
Cidade Integrada
A comunidade do Jacarezinho foi escolhida para receber o programa "Cidade Integrada" do governo do Estado. No último dia 19, houve uma operação com 1.200 policiais na favela com as polícias civil e militar para implementação do projeto que promete não repetir as UPPs e levar infraestrutura, educação, trabalho e segurança para as comunidades.
Procurada, a Polícia Militar não comentou sobre o relato de Yago e reiterou que o protocolo normativo da corporação foi cumprido durante a abordagem, "não havendo qualquer inconformidade com a atuação da equipe em policiamento. A SEPM também se mantém ao total dispor das demais instâncias do poder público para colaboração nos trâmites processuais relativos à ocorrência".