Animais precisam de descanso de pelo menos 12 horas para trabalharem nas buscasDivulgação/Ricardo Cassiano

Rio - O trabalho dos cães farejadores têm sido importante para a operação de socorro às vítimas da tragédia em Petrópolis, na Região Serrana. Ao todo, 54 animais integram uma força-tarefa coordenada pelo Corpo de Bombeiros do Rio. Desse total, dez cães são da tropa do Rio e outros 44 representam 16 estados que vieram à cidade imperial e participam de escala de trabalho nas áreas afetadas por deslizamentos. Oss, da raça pastor malinois, é um desses cães que chegaram para ajudar.
Segundo o condutor do Oss, o cabo Rafael Souza Vaz, do Corpo de Bombeiros do Paraná, essa é a primeira missão do cão em operações de resgate, mas que mesmo sendo iniciante ele está tendo um bom rendimento. "Aqui no Caxambu é a primeira "área quente" que a equipe do Paraná foi deslocada. O trabalho do Oss está sendo satisfatório, pois ele já identificou um possível local de busca, de interesse. Áreas quentes são regiões com alto risco de deslizamento", disse o condutor, que já havia trabalhado em situações parecidas, como em Brumadinho. 


Os profissionais do Paraná vieram em duas equipes (terrestre e aérea) com 10 militares e quatro cães. O tenente do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro Willian Pellerano, chefe de Operações do canil do 2º Grupamento de Socorro Florestal e Meio Ambiente (2º GSFMA), em Magé, também foi destacado para atuar nas ações de resgate. Segundo ele, o apoio dos cães é fundamental nas ações.

"Os animais são treinados e são muito importantes, pois a gente consegue ampliar nossas frentes de trabalho e dar uma resposta mais rápida na localização de vítimas para que, assim, os bombeiros possam trabalhar, escavar e retirá-las", explicou.

Segundo o tenente Pellerano, que é condutor do labrador Apolo, cão e bombeiro formam uma dupla conhecida e a sinergia entre eles é fundamental para o trabalho. "Os cães têm uma capacidade olfativa muito mais sensível que o ser humano. É 40 vezes maior. Então é através do olfato e da mudança de comportamento que o seu condutor sabe reconhecer se aquele local é uma área sensível e pode ter uma vítima", destacou.

Outra equipe que está ajudando nas buscas e resgate é a do Ceará. Com três cães, os militares chegaram na madrugada de sexta e já iniciaram o trabalho às seis da manhã, como explicou o condutor da labradora Nala, de três anos, o capitão Eliomar Alves.

"Os cães do Rio de Janeiro são especialistas no assunto, muito bons e com uma equipe muito qualificada. Só que pelo tamanho do desastre, sabíamos que chegaria o nosso momento de vir, pois assim como nós temos uma carga horária de trabalho, o mesmo acontece com os cães. Eles também fazem um trabalho extenuante: andar na lama e usar o faro o tempo todo é um esforço físico e mental muito grande", explicou.

Os animais precisam de repouso de 12 horas e o reforço é fundamental para a localização das vítimas. Uma média total de 500 militares atua diariamente nas ações de resposta ao desastre climático, o pior da história do município, com acumulados de chuva que chegaram a 258,6 mm em 3 horas e 259,8 mm em 24h.