Dia Internacional da MulherKiko

Rio - O Dia Internacional da Mulher está chegando (8/3), e mais uma vez grande parte das mulheres demonstra, via redes sociais, uma insatisfação ao ver a data resumida a mensagens eletrônicas de parabéns e poemas, além de presentes como rosas e bombons. Na verdade, o que elas esperam, enquanto precisar existir a data, é que o dia seja de reflexão e combate à violência de gênero, que acaba desestruturando toda uma família e pode culminar em morte. De acordo com o site do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, de 2020 pra cá, 200 mulheres no estado morrreram vítimas de feminicídio: 95 em 2020; 94 em 2021; e, em janeiro de 2022, foram registradas 11 mortes. No mesmo período, foram 95 tentativas de feminicídio - 51 (2020) , 35 (2021) e 9 (janeiro de 2022).
Foi justamente em 2020 que começou o isolamento social por causa da pandemia de covid-19, e a violência entre quatro paredes se intensificou em todo o país. Cerca de 17 milhões de mulheres sofreram violência física, psicológica ou sexual naquele ano, segundo a pesquisa do Datafolha “Visível e invisível: a vitimização de mulheres no Brasil”, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
De outra fonte, o Fundo Brasil, na pandemia o número de casos e denúncias de violência contra a mulher aumentou de forma significativa. Registros de feminicídio cresceram 22,2% e os chamados para o 180, a Central de Atendimento à Mulher, aumentaram 34%, se compararmos com o ano anterior ao início da pandemia.
Nível psicológico

A violência contra as mulheres foi o ponto de partida para a roteirista e escritora Alessandra De Blasi, que lançou no último mês “Antologia da desilusão”, um livro de contos que aborda a prisão psicológica vivenciada por mulheres em relacionamentos amorosos. 
“A história narra experiências próprias e situações que presenciei na vida. Um jogo psicológico que começa disfarçado de afeto, com uma brincadeira invalidando a sua opinião, depois a sua história, até que, aos poucos, afastam essas mulheres do convívio social e, por fim, delas mesmas. Uma violência emocional, que não necessariamente se reflete em uma agressão física, mas que fere profundamente o psicológico dessas jovens”, explica a autora.
A escrita de "Antologia da desilusão"começou durante o primeiro ano da pandemia, como uma forma de "colocar os pensamentos para fora” e recuperar o sono ante tantas incertezas.  “Meu intuito não é trazer uma leitura didática, mas sim uma história envolvente em que o leitor consiga absorver a situação pelas entrelinhas e usar dela como um meio esclarecedor, sobre atitudes tão comuns, mas que, por vezes, naturalizam esses comportamentos tóxicos e prejudiciais para qualquer relacionamento”, comenta Alessandra.
Filhos
As consequências da violência se estendem também para os filhos. Segundo a coordenadora adjunta de Psicologia da Universidade Veiga de Almeida, Reivani Zanotelli Buscacio, dependendo da vulnerabilidade da criança, a violência contra a mãe pode gerar nos filhos problemas sociais, emocionais, psicológicos e cognitivos que começam na infância, em decorrência dessa vivência, mas que podem se estender por toda a vida.
“Permanecer nessa situação faz com que criança vivencie junto com a mãe essa violência, gerando consequências diversas. Os desdobramentos desse cenário para crianças e adolescentes são multidimensionais. Entre os mais comuns, estão transtornos alimentares, de ansiedade e depressivos, baixo desempenho escolar e comportamento mais agressivo”, explica.
A especialista ainda alerta que “Esses traumas podem se deslocar futuramente para outros comportamentos prejudiciais à saúde, como o abuso de substância psicoativas e maior vulnerabilidade em relação a determinadas situações, como exploração sexual”.
Grupos de ajuda
Existem vários locais no Rio, ou virtualmente, onde é possível as mulheres procurarem auxílio para suas questões, encaminhar alguém em perigo ou até para colaborar, de alguma forma. Geralmente, os locais atuam contra a violência e para a promoção profissional das mulheres - até porque é muito mais difícil uma vítima de violência doméstica sair do círculo vicioso se ela não tiver como se manter e sustentar os filhos.
Camtra – Casa da Mulher Trabalhadora
Áreas de atuação: Contra a violência doméstica; pelo direito sexual e reprodutivo; condições da mulher no mercado de trabalho.
Contato: Rua da Lapa, 180/806, Lapa. 
Aberto de segunda a sexta, das 10h às 18h.
https://camtra.org.br/ Telefone: 2544 0808.

ONG Criola
Área de atuação: Direitos das mulheres negras, especialmente em saúde, acesso à justiça e à equidade de gênero.
Contato: Av. Pres. Vargas, 482 - Sobreloja 203, Centro.
Telefone: (21) 2518-7964.
Site: https://criola.org.br/.
Cruzando histórias
Área de atuação: Promove o acolhimento, a valorização profissional e empregabilidade entre mulheres, além de lutar contra o assédio em ambientes de trabalho. Atuação online para todo o Brasil.
Contato: https://www.cruzandohistorias.org/.

Mulheres do Sul Global
Área de atuação: Empoderar mulheres refugiadas através do ofício de corte e costura.
Contato: No site /www.mulheresdosulglobal.com/, é possível comprar produtos feitos pelas mulheres atendidas.
Whatsapp (21) 98355-1120.
Serviço de Psicologia Aplicada
Da Universidade Veiga de Almeida.
Área de atuação: Possui Clínica e Pesquisa em Saúde Mental da Mulher, e está aberta a acolher mulheres vítimas de violência.
Contato: Pelo e-mail spa@uva.br.
Cedim – Conselho Estadual dos Direitos da Mulher
Ligada à Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.
Área de atuação: Cidadania feminina.
Lista com locais de atendimento no site www.cedim.rj.gov.br/.

Casa da Mulher Carioca
Ligada à Prefeitura do Rio.
Área do atuação: Promoção de políticas públicas para mulheres com o objetivo de desenvolver um ambiente de interação, capacitação e empoderamento feminino. 
Contato: Pelo telefone 1746, é possível agendar atendimento presencial ou remoto.
Site: /carioca.rio/servicos/casa-da-mulher-carioca/.
Central de Atendimento à Mulher
É o Disque 180, do Governo Federal, que recebe denúncias diversas.