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Capazes!

E a minha mãe se transformou numa professora de coração transbordando. Da sala de aula, ela fez a extensão da sua casa. De herança deixou comigo muito mais do que os bilhetes com a sua letra em tons azuis. Deixou também a missão de ser capaz, driblando os medos, mesmo que eles andem comigo

Quando consigo mostrar a minha inteireza em fotos, também penso que sou capaz. Afinal, já houve uma época em que acreditava que a minha felicidade estava atrelada a um número na balançaArte: Kiko

Depois que a minha mãe morreu, em agosto de 2019, algumas de suas heranças começaram a aparecer pela casa. Foi assim com um bilhete — de poucas palavras mas intenso significado — que encontrei entre livros. "Você duvidava que eu fosse capaz. Agora eu mostrei que posso muito mais": é a mensagem eternizada com a sua letra, em caneta azul. Na verdade, sua escrita tinha o objetivo de ser um mantra para que eu me lembrasse da minha força quando alguma parte do mundo duvidasse de mim.
Agora, ao retirar essa mensagem do anonimato, trago novamente à tona o estímulo da minha mãe. Por diversas vezes, nas situações mais corriqueiras do dia a dia, eu me lembro da sua mensagem. Quando consigo estacionar o carro numa vaga na rua, eu penso que sou capaz — por algum tempo, isso foi um dilema e até duvidei de mim, quase acreditando nos sons que chegavam aos meus ouvidos dando conta de que eu não sabia dirigir bem.
Quando consigo mostrar a minha inteireza em fotos, também penso que sou capaz. Afinal, já houve uma época em que acreditava que a minha felicidade estava atrelada a um número na balança. Quando aceito um desafio profissional, mesmo com um friozinho na barriga, eu também me lembro de que sou capaz. E ainda me recordo que a minha mãe foi o combustível para que eu não desistisse diante de tantos receios na minha primeira viagem a trabalho como repórter esportiva.
Hoje, esse bilhete está guardado dentro de um pequeno livro, junto a outros cartões. Um deles, aliás, também está eternizado com a letra da minha mãe. Foi redigido na ocasião da minha formatura em Jornalismo e fazia uma referência à minha avó materna, Ruth, que já havia nos deixado: "Você é a realização de um sonho de alguém que tinha certeza da sua vitória. Por ela, parabéns".
Minha avó foi uma costureira de mão cheia, arrematou sonhos e memórias eternas. E a minha mãe se transformou numa professora de coração transbordando. Da sala de aula, ela fez a extensão da sua casa. De herança deixou comigo muito mais do que os bilhetes com a sua letra em tons azuis. Deixou também a missão de ser capaz, driblando os medos, mesmo que eles andem comigo. Hoje, às vésperas do dia 8 de março, peço licença a ela para repartir o seu bilhete com tantas outras mulheres. Como minha mãe escreveu na mensagem: nós podemos muito mais.
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E a minha mãe se transformou numa professora de coração transbordando. Da sala de aula, ela fez a extensão da sua casa. De herança deixou comigo muito mais do que os bilhetes com a sua letra em tons azuis. Deixou também a missão de ser capaz, driblando os medos, mesmo que eles andem comigo

Quando consigo mostrar a minha inteireza em fotos, também penso que sou capaz. Afinal, já houve uma época em que acreditava que a minha felicidade estava atrelada a um número na balançaArte: Kiko

Depois que a minha mãe morreu, em agosto de 2019, algumas de suas heranças começaram a aparecer pela casa. Foi assim com um bilhete — de poucas palavras mas intenso significado — que encontrei entre livros. "Você duvidava que eu fosse capaz. Agora eu mostrei que posso muito mais": é a mensagem eternizada com a sua letra, em caneta azul. Na verdade, sua escrita tinha o objetivo de ser um mantra para que eu me lembrasse da minha força quando alguma parte do mundo duvidasse de mim.
Agora, ao retirar essa mensagem do anonimato, trago novamente à tona o estímulo da minha mãe. Por diversas vezes, nas situações mais corriqueiras do dia a dia, eu me lembro da sua mensagem. Quando consigo estacionar o carro numa vaga na rua, eu penso que sou capaz — por algum tempo, isso foi um dilema e até duvidei de mim, quase acreditando nos sons que chegavam aos meus ouvidos dando conta de que eu não sabia dirigir bem.
Quando consigo mostrar a minha inteireza em fotos, também penso que sou capaz. Afinal, já houve uma época em que acreditava que a minha felicidade estava atrelada a um número na balança. Quando aceito um desafio profissional, mesmo com um friozinho na barriga, eu também me lembro de que sou capaz. E ainda me recordo que a minha mãe foi o combustível para que eu não desistisse diante de tantos receios na minha primeira viagem a trabalho como repórter esportiva.
Hoje, esse bilhete está guardado dentro de um pequeno livro, junto a outros cartões. Um deles, aliás, também está eternizado com a letra da minha mãe. Foi redigido na ocasião da minha formatura em Jornalismo e fazia uma referência à minha avó materna, Ruth, que já havia nos deixado: "Você é a realização de um sonho de alguém que tinha certeza da sua vitória. Por ela, parabéns".
Minha avó foi uma costureira de mão cheia, arrematou sonhos e memórias eternas. E a minha mãe se transformou numa professora de coração transbordando. Da sala de aula, ela fez a extensão da sua casa. De herança deixou comigo muito mais do que os bilhetes com a sua letra em tons azuis. Deixou também a missão de ser capaz, driblando os medos, mesmo que eles andem comigo. Hoje, às vésperas do dia 8 de março, peço licença a ela para repartir o seu bilhete com tantas outras mulheres. Como minha mãe escreveu na mensagem: nós podemos muito mais.
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