Selminha Sorriso com alunos da Escola Municipal Ministro Adaucto Lúcio Cardoso, em Campo Grande, em evento sobre o Dia Internacional da Mulher, nesta terça (08/03)Foto: Michell Albuquerque / Divulgação SMS-Rio

Rio - Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, nesta terça-feira (8), a Secretaria Municipal de Educação do Rio convidou uma ex-aluna ilustre, Selminha Sorriso, porta-bandeira da Beija-Flor de Nilópolis, a voltar à Escola Municipal Ministro Adaucto Lúcio Cardoso, em Campo Grande, para falar com as meninas que, em 2022, ocupam as cadeiras da escola onde cresceu e com os meninos sobre conscientização e igualdade de gênero.

Selminha participou do evento incluso no programa Trilhas do Identitárias, que sempre convida alguma personalidade carioca para conversar com os alunos e contar suas histórias de vida e aprendizados servindo como exemplo aos estudantes. Na ocasião, a porta-bandeira falou aos adolescentes sobre o relacionamento abusivo que ela viveu.

Alertou sobre os riscos e confessou que, por muito tempo, segurou o sorriso diante das câmeras, mas ao mesmo tempo vivia a angústia nos bastidores pela pressão da relação abusiva e controladora que vivenciava. Confidenciou que toda a tormenta durou 11 anos. “Vivi anos da minha vida sorrindo, mas preocupada”, conta ela, que deseja que a próxima geração de mulheres consiga se emancipar desse tipo de dinâmica afetiva adoecida.

“O machismo é estrutural na sociedade, mas as mulheres vêm conquistando seu espaço, eu quero que essas meninas estudem, aproveite suas oportunidades, que se optarem por ser mães, sejam boas mães, boas companheiras para seus companheiros ou companheiras, mas que se respeitem sempre, acima de tudo”, reforça.
Superação
Selminha falou sobre seu desejo para as mulheres do futuro. “Quando chegar a hora dessas meninas de ter uma relação amorosa, quero que elas entendam o que demorei anos para entender: o amor é livre. Amor é respeito, o amor não te sufoca, não te controla, não diz o que você deve vestir, o que deve fazer, onde deve estar, com o que pode trabalhar”, diz.

Ao relembrar o passado, os anos escolares ela falou que escola, eu sonhei muito! Imagina uma moça do meio do mato, sem infraestrutura quase nenhuma, que de repente conhece o mundo inteiro, a Europa, a Ásia, a África, artistas, políticos. São conquistas de longo prazo que começaram como um sonho ali. Eu nunca tive conhecidos, ninguém por mim, então, é muito gratificante ter chegado aqui e ser uma referência no samba hoje”, disse ela.

Para o secretário municipal de Educação, Renan Ferreirinha, que também esteve presente no evento, “o Dia Internacional da Mulher é uma data de luta por igualdade, que pode e deve começar dentro das salas de aula”. Ele ainda reforça que “é um dia para nós, homens, estudarmos e aprendermos. É um momento para ouvirmos com atenção as falas femininas e os muitos desafios e desigualdades que enfrentam diariamente em nossa sociedade. É um privilégio poder debater esses temas e aprender com a Selminha, fruto da escola pública e da nossa rede municipal, que é pura inspiração”, afirma.

A ex-aluna ilustra ainda ganhou em sua homenagem um grafite de sete metros, obra do artista Cazé Arte e como não poderia deixar de ser, o encerramento do evento, componentes da bateria da Beija-Flor se apresentaram com a presença da porta-bandeira da escola. 


Trilhas de exemplo

O Trilhas Identitárias busca servir de inspiração para os alunos da rede municipal do Rio, aproximando grandes nomes da cultura, do esporte e outros notáveis brasileiros e cariocas que estudaram em nossas escolas,que convidados a falar sobre seu período escolar e as carreiras que construíram, mostram que não há sonho inalcançável para os estudantes da rede pública.