O Serviço de Microcirurgia Reconstrutiva do HFSE disponibiliza vagas para o tratamento da paralisia facialDivulgação

Rio-A cabeleireira Valéria Gomes, de 49 anos, teve a vida mudada para pior depois de sofrer com uma Herpes-zóster no ouvido, há seis anos. Ela perdeu os movimentos do rosto, não conseguia fechar os olhos e mal falava. Depois de peregrinar por quase dois anos, foi encaminhada para o Serviço de Microcirurgia Reconstrutiva do Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE), unidade do Ministério da Saúde no Centro do Rio.
Quatro anos depois e após cinco cirurgias, ela já recuperou alguns movimentos, consegue piscar os olhos e recuperar a fala: “Como sou cabeleireira e ficava de frente para o espelho, me sentia muito mal com a paralisia facial. Fiz vários tratamentos até chegar ao Hospital dos Servidores. Talvez, não teria ficado tão ruim se eu conhecesse este serviço antes”, comenta Gomes.
O Serviço de Microcirurgia Reconstrutiva do HFSE disponibiliza vagas para o tratamento da paralisia facial. A unidade tem condições de realizar ao menos uma cirurgia por semana, beneficiando muito mais pacientes do que a quantidade encaminhada regularmente ao hospital.
De acordo com levantamento da unidade, o HFSE realizou, em 2019, 75 microcirurgias com 19 cirurgias de paralisia facial. Em 2020, 51 com 12 paralisias. Ano passado, total de 61 com 11 paralisias. No entanto, a capacidade é de pelo menos uma cirurgia de paralisia facial por semana, o que daria pelo menos 50 cirurgias desse tipo por ano.
O médico Chang Yung Chia, responsável pelo Centro de Paralisia Facial, explica que a doença é uma urgência médica e requer tratamento imediato: “A paralisia facial é uma patologia frequente, porém, ainda pouco compreendida inclusive por profissionais da saúde. Se o paciente não for atendido no tempo adequado, as chances de recuperação dos movimentos do rosto diminuem drasticamente”, explica o cirurgião.
Os principais casos atendidos no Hospital dos Servidores são de pacientes submetidos à retirada de tumor na cabeça, como os de parótida. Durante a realização destas cirurgias, é possível que certos nervos da face sejam lesionados, o que pode levar à atrofia muscular. Se a inervação não for restabelecida dentro de 18 meses, o músculo se degenera, ou seja, atrofia-se permanentemente.
“Muitas vezes, quando o paciente chega ao hospital ele procura por conta própria. E chega com sequelas, que poderiam ter sido evitadas se tivessem sido tratadas de maneira correta no tempo certo. Isso não está acontecendo. A paralisia facial é uma patologia complexa e por serem muito específicos, os médicos não sabem tratar o paciente e acaba não o orientando adequadamente”, explicou o médico.
O caminho para chegar até ao Serviço de Microcirurgia Reconstrutiva do HFSE é por meio da Central de Regulação Unificada do estado do Rio de Janeiro. A Regulação recebe os encaminhamentos médicos diretamente dos serviços de saúde e comunica aos pacientes a data em que devem comparecer para o atendimento no Hospital dos Servidores.
“A esse sistema de regulação o paciente chega através do posto de saúde ou clínica da família e pede encaminhamento para o Serviço de Microcirurgia dos Servidores”, informou Chia.
Serviço de microcirurgia reconstrutiva
O Serviço de Microcirurgia Reconstrutiva do HFSE foi fundado há mais de 30 anos, sendo pioneiro no Estado do Rio de Janeiro nas cirurgias de transplantes de retalhos na face e no corpo, de nervos cranianos e periféricos e reimplantes de membro.
Além das cirurgias para tratamento da paralisia facial, o Serviço atua em conjunto com outros setores do Hospital dos Servidores para realizar procedimentos como reconstrução mamária, de crânio, de cabeça e pescoço.