Estação de Tratamento de Água do Guandu, em Nova Iguaçu, RJEliane Carvalho/GOVRJ

Rio - Para livrar os fluminenses do assombro da crise da geosmina, a Companhia de Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), investiu pesado em equipamentos modernos e importados, fabricados na Holanda, ao custo de R$ 4,3 milhões. São plataformas flutuantes MPC-Buoy, da LG Sonic, que emitem ondas de ultrassom monitorando e controlando a proliferação de algas, causadoras da geosmina, e serão instaladas Estação de Tratamento de Água (ETA) do Guandu, oito bóias ao longo do sistema lagunar. Um professor ouvido pelo DIA, no entanto, diz que a ação é 'paliativa e custa caro'.

A Cedae informou que os equipamentos que utilizam energia solar para carregamento, contam com software hospedado na web que permite o monitoramento constante para que profissionais acompanhem em tempo real as condições das lagoas. Um sistema moderno e menos agressivo ao meio ambiente, de acordo com informações da concessionária, "as bóias são utilizadas em lagos e lagoas em 96 países, com pesquisas desenvolvidas em parceria com empresas e instituições internacionais".

A concessionária explica que o ultrassom cria uma camada de som na parte superior da água. Essa barreira sonora ultrassônica impede que as algas subam à superfície e absorvam luz solar para a fotossíntese – e, consequentemente, se desenvolvam. Ao perder a capacidade de flutuação, esses organismos afundam e não encontram condições favoráveis para floração.

Daniel Okumura, diretor de Saneamento e Grande Operação da Cedae, explicou que com todo o sistema de trabalho feito online por meio de uma plataforma específica, "é possível visualizar dados indicadores das condições da água com base em parâmetros pré-definidos, como níveis de pH, clorofila, turbidez, oxigênio dissolvido, entre outros".

"Os recursos remotos ainda possibilitam a modificação das frequências de ultrassom de acordo com as características da água, criando uma camada de som na parte superior da água. Essa barreira sonora ultrassônica impede que as algas subam à superfície e absorvam luz solar para a fotossíntese – e, consequentemente, se desenvolvam. Ao perder a capacidade de flutuação, esses organismos afundam e não encontram condições favoráveis para floração", acrescentou Okumura.

A Cedae reforça que o sistema utilizado será capaz de eliminar de 60% a 90% das algas existentes, além de prevenir o crescimento de novos organismos e que todo o processo ocorre de forma segura e ecologicamente sustentável sem a necessidade de uso de produtos químicos, liberação de toxinas e outros danos que que possam ser causados ao ecossistema.

Leonardo Soares, diretor-presidente da Cedae, diz que com a nova aquisição será possível monitorar de forma contínua a qualidade da água que é captada e tratada pela empresa.
Ação paliativa que custa caro
Na opinião de Gandhi Giordano, professor do departamento de Engenharia Sanitária e Meio Ambiente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), "é uma solução paliativa e que está sendo tomada devido a demanda que é cobrada pelo povo que já se arrasta por décadas".

O professor diz que "além de um custo altíssimo, métodos semelhantes já foram testados em outros estados, mas ainda não há uma comprovação exata desse tipo de equipamento funcionando plenamente em clima diferente do vivenciado na Holanda". O especialista cita ainda que o ideal seria a construção de uma barragem para impedir que a água poluída do rio Guandu passe pela estação, assim como de outros rios que abastecem a estação de tratamento como o rio Ribeirão das Lajes e os rios Piraí e Paraíba do Sul, impedindo a proliferação de algas que formação de geosmina.