Ex-presidente Lula palestrou na Uerj durante Encontro Internacional Democracia e IgualdadeCleber Mendes/Agência O Dia

Rio - O ex-presidente Lula palestrou durante o Encontro Internacional Democracia e Igualdade organizado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), em parceria com o Grupo de Puebla, na tarde desta quarta-feira (30). O evento foi realizado na Concha Acústica Marielle Franco, que fica localizada dentro da universidade. Por volta das 13h, cerca de 10 mil pessoas estavam inscritas para comparecer no local. O tema do debate foi "Democracia e Igualdade - Para um novo modelo solidário de desenvolvimento".
Lula abordou seu histórico de governo e afirmou ainda não ser possível confirmar sua candidatura nas eleições de 2022. "Eu queria dizer que estou estranhando uma coisa aqui. Faz dois dias que me orientam que eu não posso falar de eleição. Havia muita inquietação 'vamos lá, vai ter o ato, mas não pode falar de eleição. Pedir voto então é impossível'. Ficou mais grave porque, ontem, um partido entrou com um processo para tentar evitar esse encontro aqui. Eu vim para cá pensando em colocar uma mordaça. O que eu estranho é que não se falou outra coisa aqui a não ser eleição", queixou-se o ex-presidente.
O ex-mandatário também aproveitou a situação para cutucar dois possíveis adversários das próximas eleições. "Eu não falo espanhol. Eu não falo francês, nem inglês. Então, se eu estou desgraçado, não posso ir para nenhum país, tenho que ficar em São Bernardo. Eu não posso perder as eleições e ir pra Paris", ironizou, em referência à viagem do Ciro Gomes, candidato em 2018, após derrota no primeiro turno.
O atual líder do Poder Executivo, Jair Bolsonaro, também foi alvo das provocações. "O Brasil não tem noção do papel dos militares. O papel não é ficar puxando saco do Bolsonaro, porque ele não é dono dos militares. Os militares fazem parte de uma instituição do povo brasileiro, para defender de inimigos externos. Ele não tem ficar puxando saco de presidente. Nem de Lula, nem de Bolsonaro, nem de Celso Amorim. Ele tem que estar acima das brigas políticas", apontou.
Lula continuou o discurso contra o atual presidente. "Ele é tão frágil e bossal que, como ele não tem partido, o partido dele não tem bandeira, não tem música, não tem hino, não tem programa. Então, o que ele pegou? A bandeira brasileira e camisa da seleção para dizer 'esse é o meu partido'. Vamos dizer para ele que a bandeira e as cores verde e amarela não são desse fascista. Ela pertence aos 213 milhões de brasileiro", criticou.
Diversos políticos estiveram presentes, como a ex-presidente Dilma Rousseff, o deputado estadual André Ceciliano (PT), os deputados federais Marcelo Freixo e Gleisi Hoffmann. Antigos líderes executivos internacionais também comparecem, como o colombiano Ernesto Samper e o espanhol José Luís Zapatero.
O primeiro a discursar foi o reitor da Uerj, Ricardo Lodi, que anunciou sua renúncia para "estar à disposição desse projeto de mudar o país e restaurar a democracia capitaneado pelo Lula". O cargo será ocupado por seu vice, Mário Sérgio Carneiro. Em seguida, Yolanda Díaz, vice-presidente da Espanha, Zapatero e Aloizio Mercadante, coordenador do Grupo de Puebla, tiveram curtas falas para iniciar o evento, assim como Dilma Rousseff.
Nas redes sociais, Lula tem publicado fotos com diversos artistas, como Ludmilla, Gilberto Gil, Lenine, Teresa Cristina e Zeca Pagodinho. O encontro foi organizado pelo sambista Martinho da Vila nesta terça-feira (29).
Dilma palestrou no primeiro dia do evento
A ex-presidenta Dilma Rousseff foi a personagem principal no primeiro dia do Encontro Internacional Democracia e Igualdade, realizado na manhã de terça-feira (29). Ela destacou a importância de efetuar a transição para um modelo de desenvolvimento sustentável, bem como de se retomar a geração de emprego e renda.
"Nós não somos um continente qualquer. Esse poder potencial da América Latina tem que ser fortalecido e centralizado na nossa integração regional. E a América latina não pode ser condenada a ser uma produtora de commodities. Nós temos que retomar uma política industrial. Quem se contentar em ser apenas importador de tecnologia não gerará renda", defendeu.