Trabalhadores da Comlurb se reuniram na manhã desta segunda-feira (4) em frente ao sindicato da categoriaArquivo pessoal

Rio - Insatisfeitos com os rumos da greve, garis da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) farão uma passeata, na manhã desta terça-feira (5), do Centro até a orla da Zona Sul da cidade. Os trabalhadores exigem melhores condições de trabalho e aumento salarial. Durante o protesto, eles vão pedir o apoio da população. Enquanto isso, ainda há lixo acumulado em vários pontos da cidade. 
De acordo com Luiette Ornellas, presidente do Círculo Laranja, uma associação de garis, trabalhadores da Comlurb estiveram na manhã desta segunda-feira (4), em frente ao sindicato da categoria, na Tijuca, para sugerir que fosse realizada uma nova assembleia oficial.
"A ideia é que de forma organizada e oficial a categoria apontasse uma nova contraproposta. Trabalhadores que estavam lá pediram reajuste de 15% nos salários e tíquetes de alimentação, além do abono das faltas dos grevistas", conta Luiette.  
Na última rodada de negociações, durante audiência de conciliação no Tribunal do Trabalho, a proposta previa reajuste salarial de 6% em março, 2% em agosto e cerca de 2% em novembro, além de reajuste de 3% no tíquete alimentação. Também está proposta, a compensação de três dias de greve, sem desconto.
"Estamos sendo chamados pela prefeitura de baderneiros, espíritos de porco, a Comlurb está irredutível à negociação. Mas, nós queremos uma negociação já. O trabalho dos garis é reconhecido por toda população, seja pobre, rico.  A greve foi o limite da intransigência do prefeito", justifica Luiette.
Enquanto o impasse não é solucionado, segundo o secretário geral do Sindicato dos Empregados das Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio de Janeiro (Siemaco-Rio), Antonio Carlos da Silva, as negociações com a prefeitura estão fechadas.
Ainda conforme Silva, desde a última sexta-feira, o sindicato teve a sua conta bloqueada pela Justiça. Na semana passada, o TRT/RJ determinou a imediata expedição de mandado de citação ao pagamento, em 48h, do valor de R$ 400 mil, sob pena de execução.

"A Justiça também determinou que integrantes do sindicato não se aproximem mais que 50 metros das coordenadorias da Comlurb. Estamos com receio de que seja julgado o dissídio de greve, como ilegal. Nesta situação, a empresa pode até fazer demissões alegando justa causa. Neste momento, as negociações foram fechadas", comentou Silva.

Conforme o ativista André Balbina, os piquetes continuam sendo realizados pela cidade. Um contingente de 30%, porém, continua trabalhando nas feiras-livres, escolas e hospitais. Procurada pelo O Dia, a Comlurb ainda não se pronunciou.

"Estamos abertos a uma negociação justa, mas a prefeitura prefere gastar mais de sete milhões de reais para manter um processo de contingencia, que é uma ação em meio a greve, um ato inconstitucional", comentou Balbina.

Últimas decisões
Durante a assembleia da categoria, no Clube Aliados, em Campo Grande, semana na passada, o Siemaco-Rio apresentou aos trabalhadores a proposta negociada em audiência, na última quarta-feira (30). O encontro entre a companhia e o sindicato chegou ao fim sem acordo.
Conforme o Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT/RJ), o processo aguarda agora a contestação do Siemaco, tinha até 48h (contadas a partir da última audiência) para comprovar nos autos que a greve iniciada na segunda-feira (28) não é abusiva. Após esse prazo, a Comlurb teria outras 48h para apresentar sua réplica.
O que diz a Comlurb
A Comlurb informou que mantém o seu plano de contingência para o atendimento dos serviços essenciais da cidade enquanto durar a greve ilegal dos garis. A Companhia aguarda agora os próximos passos da Justiça do Trabalho quanto às medidas que serão tomadas em relação ao movimento. Os serviços essenciais vêm sendo realizados, como limpeza de feiras livres, escolas e hospitais.
Ainda conforme a companhia, a coleta domiciliar tem sofrido atrasos pontuais, principalmente por causa de atos criminosos cometidos por alguns grevistas. Foram oficialmente comunicados nesta segunda-feira (04/04), por um diretor da Comlurb, os réus afetados pela decisão judicial que os proíbem de praticarem atos de sabotagem e ataques a caminhões de coleta, obstrução de serviços, constrangimento e ameaças a empregados que desejem trabalhar, além da ordem de restrição para manterem uma distância de pelo menos 50 metros das gerências da Companhia.
"Mesmo com as dificuldades enfrentadas por conta de atos criminosos, a coleta domiciliar está cumprindo 100% dos roteiros, sobretudo pelo comprometimento dos profissionais que entendem a importância de manter o atendimento à população.", diz nota da Comlurb.

Ainda por meio de nota, a Comlurb agradeceu aos "garis que, em sua maioria, estão nas ruas trabalhando e lembra da importância para a cidade do Rio do retorno ao serviço daqueles que aderiram à greve ilegal."
A Comlurb pediu a colaboração da população nesse período, respeitando dia e horário da coleta, se possível dispondo o lixo na hora em que o caminhão estiver realizando o serviço.