Rio - O presidente da SuperVia, Antônio Carlos Sanches, relatou, nesta segunda-feira, durante audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), que somente em 2022 já ocorreram 347 furtos de cabos e equipamentos no sistema ferroviário do Rio. De acordo com o gestor, o número é quase quatro vezes maior do registrado pela concessionária durante todo o ano de 2021.
"Se fala muito sobre o furto de cabos, e muitas vezes é colocado como algo menor. Mas com o furto se interrompe a comunicação entre maquinista e centro de comando. Com isso, temos que tirar trens de circulação, aumentar o intervalo e reduzir a velocidade das composições em operação. O passageiro sente na plataforma e no trem", disse Sanches, durante a audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as interrupções e atrasos no serviço de trem.
"No dia 24 de janeiro, por exemplo, tivemos 60 metros de cabo furtados, o que ocasionou o cancelamento de 41 viagens, o atraso médio de 9 minutos em 29 viagens, deixando de transportar 98.400 usuários", contou o gestor, que revelou, em seguida, que a SuperVia mantém duas equipes da empresa trabalhando durante a madrugada para repor peças furtadas.
Para tentar reduzir o número de furtos, Sanches contou que a SuperVia está redirecionando parte da fiação para o subsolo. Os cabos serão envolvidos em concreto para dificultar os furtos. Cada quilômetro da obra para a execução dessa mudança dos fios, segundo o presidente da empresa, teria o custo de R$ 340 mil. Para realizar este procedimento em toda a linha férrea, o valor seria de aproximadamente R$ 100 milhões. O valor só inclui os cabos de sinalização.
Durante a audiência, a deputada Lucinha (PSD) criticou a atuação do poder público na fiscalização da qualidade do serviço prestado pela SuperVia: "Vemos matérias todos os dias sobre a precariedade do sistema de trens, e quem perde emprego e chega atrasado é o trabalhador. O que faz a Agetransp, que deve auxiliar com informações? A secretaria de Transportes não apresenta estudos sobre o furto de cabos".
Para a deputada Enfermeira Rejane (PCdoB), só a atuação das autoridades de forma integrada pode melhorar a situação dos sistema. "Existe uma grande quadrilha atuando, não estamos lidando com pessoas agindo isoladamente. Precisamos tratar o processo de forma coletiva. Toda a linha férrea tem que ser monitorada, com cuidado, já que envolve áreas dominadas pela milícia e pelo tráfico. No entanto, não vemos os órgãos públicos atuarem em conjunto", observou a parlamentar.
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