Aurélio Alves Bezerra, militar da Marinha, vira réu por homicídio doloso por matar o vizinho Durval FilhoDivulgação
Foram ouvidas 11 testemunhas de acusação e de defesa. Luziane Teófilo, assistente de acusação, contou que escutou os tiros e depois conferiu pelo circuito interno de câmeras do condomínio, pelo celular, o que tinha acontecido. Porém, ela não sabia que era o marido. Um pouco depois, disse ter escutado Aurélio falar "cara, fiz uma merda", em uma conversa embaixo de sua casa.
Como a filha havia visto que Durval já tinha deixado a van e caminhava para casa, Luziane imaginou que o marido demorava a chegar pois estaria ajudando os outros vizinhos a socorrer a pessoa baleada na calçada. Apenas quando uma vizinha bateu em sua casa segurando a mochila e o chinelo sujo de sangue de Durval que ela soube o que tinha acontecido. Segundo a viúva, ele já chegou morto ao hospital e Aurélio não se aproximou ou tentou falar com ela.
Três moradores do condomínio, que depuseram como testemunhas de acusação, afirmaram que nunca souberam de nenhum assalto em frente ao condomínio.
Os policiais civis Mário e Karla afirmaram que, nas oitivas realizadas logo após a morte de Durval, nenhuma das testemunhas disse algo sobre questões raciais ou atitudes preconceituosas cometidas por Aurélio contra a vítima no cotidiano do condomínio.
Durval Teófilo Filho, tinha 38 anos, casado e pai de uma menina de 6 anos, foi assassinado pelo Militar Aurélio Alves Bezerra, seu vizinho, no estacionamento do condomínio onde moravam na Rua Capitão Juvenal Figueiredo, 1520, bairro Colubandê, por volta das 23h do dia 02/02. Preso em flagrante, após socorrer a vítima, na delegacia, Aurélio alegou ter confundido Durval com um bandido ao relatar que chegava em casa: "quando avistou um homem se aproximando de seu veículo, muito rápido e mexendo na bolsa". Aurélio afirmou ter atirado três vezes, tendo atingido a barriga de Durval.
Acusação de racismo e comoção popularHomem negro é morto por vizinho militar ao chegar do trabalho em condomínio em São Gonçalo
— Jornal O Dia (@jornalodia) February 3, 2022
Crédito: Reprodução#ODia pic.twitter.com/R1CaefabLj
O caso causou comoção popular e gerou muita revolta pela fala do militar da Marinha que disse ter atirado em Durval por achar que a vítima iria roubá-lo, já que segundo ele "a localidade é perigosa e costuma ter muitos assaltos".
Luziane Teófilo, mulher de Durval, inconsolável desabafou: "Eu escutei os tiros. A minha filha, que tem 6 anos, estava esperando o pai dela. Meu marido morreu porque era preto. E agora o que eu vou dizer pra ela?".
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.