Ministério da Saúde incentiva que as mães compareçam a uma unidade básica de saúde entre o terceiro e o quinto dia após o parto para acompanhar a sua saúde e a do bebêDivulgação/ Mauricio Bazilio/ SES

Rio - Um levantamento da Secretaria de Estado de Saúde (SES) aponta que a transmissão vertical do HIV — que ocorre da mãe portadora do vírus para o feto na gestação, durante o parto ou na amamentação — está em queda sustentada no Rio de Janeiro. De 2018 a 2021, o número de crianças com até 5 anos com HIV diminuiu 55,9%. Em 2018, foram registrados 34 casos de transmissão vertical da doença no estado do Rio de Janeiro. Em 2019, foram 32. O número baixou para 19 em 2020 e, em 2021, 15.
"O ministério incentiva que as mães compareçam a uma unidade básica de saúde entre o terceiro e o quinto dia após o parto para acompanhar a sua saúde e a do bebê, além do crescimento e do desenvolvimento da criança. As unidades de atenção primária devem oferecer condições de atendimento à gestante portadora de HIV, bem como ao seu recém-nascido. E a prevenção e a ampliação do diagnóstico precoce, principalmente durante o pré-natal, são fundamentais", afirma o secretário de Estado de Saúde, Alexandre Chieppe.

A transmissão vertical do HIV ocorre através da passagem do vírus da mãe para o bebê durante a gestação, o trabalho de parto, o parto propriamente dito (contato com as secreções cérvico-vaginais e o sangue materno) ou a amamentação. Há, porém, cuidados a serem tomados. O primeiro deles é o pré-natal. A mãe pode buscar os serviços de atenção primária (postos ou clínicas da família) do seu município para realizar as consultas assim que descobre a gravidez. Durante o pré-natal, a testagem para HIV deve ser feita na primeira consulta (preferencialmente no 1º trimestre da gestação), no início do terceiro trimestre e sempre que houver exposição ao risco. Caso o exame comprove a infecção pelo vírus, o tratamento precisa começar imediatamente.

"Quanto mais cedo o vírus for detectado e a terapia antirretroviral começar, melhor. Com o tratamento, é possível reduzir a carga viral da mãe até que ela fique indetectável e, assim, impedir a transmissão do HIV para a criança", alerta Juliana Rebello, gerente de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST/AIDS) da SES.
"A doença está no estado como um todo e a principal causa é a não realização do pré-natal. Em alguns municípios, esse acompanhamento não existe, mas existe em municípios próximos. Então não é uma questão da falta da oferta do serviço. O que falta é informação. Muitas mães não buscam o pré-natal", explica Juliana, acrescentando que a queda no número de casos não afetou o trabalho da gerência, pelo contrário: "Seguimos com os esforços de combate à doença, com a meta de zerar o número de casos em todo o estado. Nós temos todas as condições de eliminar a transmissão vertical do HIV, lançando mão dos serviços e recursos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). O tratamento capaz de diminuir a carga viral e impedir a transmissão do vírus da mãe para o bebê existe e está disponível no SUS", alerta.

Os cuidados seguem durante e após o parto. Caso a carga viral da mãe não seja controlada, é possível que o obstetra recomende uma cesariana para diminuir o tempo de exposição do bebê ao vírus, além de medicamentos para a mãe no momento do parto e para o bebê, logo após o nascimento. As mães que receberem o diagnóstico de infecção pelo HIV devem realizar o aleitamento dos seus bebês com uma fórmula láctea própria para crianças desta faixa etária. O SUS disponibiliza o produto adequado.

"Aquelas que não testaram positivo no pré-natal, por sua vez, devem continuar a fazer o teste durante a amamentação. No primeiro ano, o teste deve ser feito de seis em seis meses. A partir do segundo ano, o teste pode ser realizado uma vez ao ano. Assim, mãe e criança ficam mais seguras", acrescenta a gerente.

O levantamento da Secretaria de Estado de Saúde (SES), que identificou a queda nos casos de Aids, teve como base os números do Sistema de Informações sobre Agravos de Notificação (Sinan), do Sistema de Controle de Exames Laboratoriais da Rede Nacional de Contagem de Linfócitos CD4+/CD8+ e Carga Viral do HIV (SISCEL) e do Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (SICLOM), atualizados em 18 de março. Os maiores números registrados pela pesquisa foram nas regiões Metropolitana I (7 casos, em 2021) e Metropolitana II (4 casos). O município com o maior número de casos é o Rio de Janeiro, com três registros. As regiões Serrana, Baixada Litorânea e Médio Paraíba não registraram casos da doença em menores de 5 anos.