A Secretaria Estadual de Saúde (SES) alerta para o aumento de casos de leptospirose após as fortes chuvas quem vem atingindo várias cidades Divulgação PMSG
Segundo a SES, somente a cidade de Petrópolis, devastada após as fortes chuvas em fevereiro, registrou 99 prováveis casos da doença de janeiro a março. No mesmo período do ano passado, foram apenas 3 notificações.
A pasta já se prepara para possíveis notificações nas cidades atingidas pelas fortes chuvas desde o último fim de semana, como Angra dos Reis, onde 11 pessoas morreram, além de Paraty, na Região Litorânea, Mesquita e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, que também registraram alto índice de alagamentos.
"Estamos fazendo um alerta aos moradores de áreas atingidas pelas enchentes por conta do risco elevado de leptospirose. É uma doença transmitida pela urina do rato, que eventualmente se dilui na água ou na lama que a gente tem contato após essas enchentes", afirmou Chieppe.
Veja o vídeo na integra:
A Secretaria Estadual de Saúde alerta para o risco de um aumento possível no número de casos de leptospirose após os temporais que atingiram cidades nos últimos dias.
— Jornal O Dia (@jornalodia) April 6, 2022
Créditos: Divulgação/SES-Gov Rio#ODia pic.twitter.com/2B6vjw4KT6
Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), órgão da esfera federal que investiga e notifica casos de doenças e agravos que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória, entre 2012 a 2021 foram registradas 234 casos prováveis de leptospirose por ano no estado. Em 2011, com a ocorrência de chuvas fortes e enchentes no estado do Rio de Janeiro, foram notificados 704 casos prováveis da doença, com 35 óbitos por esse agravo.
Casos na cidade do Rio
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde do Rio (SMS), o diagnóstico da doença na capital é feito pela Atenção Primária e que os casos mais graves são atendidos pela rede de urgência e emergência.
Dados fornecidos pela SMS, informam que em 2021 foram notificados 25 casos e 3 óbitos, em 2022, 13 notificados e, até então, nenhum óbito.
A SMS reforça que "além da atuação permanente no grupo de enfrentamento de desastres naturais, mantêm ações integradas com a Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb) para controle de roedores, mapeamento da Coordenação de Vigilância em Saúde Ambiental de áreas de inundação, ações de educação em saúde e mobilização social nos territórios, realizada pelos Agentes de Vigilância em Saúde (qualificação da rede de atenção à saúde para diagnóstico e tratamento precoces)".
Sobre a bactéria da leptospirose
Fernando Ferry, médico infectologista e professor titular de clínica médica da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), explica que, "a leptospirose é uma doença causada pela bactéria Leptospira, originada na urina de alguns animais, principalmente roedores, como hospedeiros. Que transmitem a doença para os seres humanos pela exposição direta ou indireta à urina desses animais. Essa bactéria, invade o organismo através de pequenas feridas na pele, nas mucosas ou em membros que ficam imersos em água contaminada. O contato com áreas alagadas por enchentes representa perigo e alerta para o contato com a bactéria da leptospirose", diz Ferry.
O médico explica também que a fase precoce da infecção "dura aproximadamente de 3 a 7 dias e, geralmente, caracteriza-se por febre repentina, acompanhada de dor de cabeça, dor muscular, anorexia, náuseas e vômitos, o que dificulta o diagnóstico diferencial de outras doenças febris agudas como dengue, por exemplo. Na fase tardia da doença, o paciente poderá apresentar icterícia (a cor da pele fica amarelada), insuficiência renal e hemorragia, mais comumente pulmonar".
Cuidados preventivos com a leptospirose
A SES reforça quais os cuidados que a população deve tomar para evitar o contato com a bactéria que transmite a leptospirose:
*Evite o contato com água ou lama de enchentes ou esgotos. Impeça que crianças nadem ou brinquem nesses locais, que podem estar contaminados pela urina dos ratos.
*Após a água baixar, para retirar a lama e desinfetar o local, proteja-se com botas e luvas de borracha, evitando assim o contato da pele com água e lama contaminadas. Sacos plásticos duplos também podem ser amarrados nas mãos e nos pés.
*Para desinfectar a área atingida pela lama ou água da enchente, lave pisos, paredes e bancadas com água sanitária, na proporção de 2 xícaras de chá (400ml) desse produto para um balde de 20 litros de água, deixando agir por 15 minutos.
*Tenha cuidado com os alimentos que tiveram contato com água de enchente. Alguns devem ser jogados fora, outros precisam de tratamento especial nestas situações.
*Mantenha os terrenos baldios e as margens de córregos limpos e capinados. Evite entulhos e acúmulo de objetos nos quintais e nas telhas.
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