Higo Lima de Araújo e Jorge Luiz de Souza Pinheiro estão presos suspeitos de roubar um pedestre em Queimados, na Baixada Fluminense; família nega envolvimentoDivulgação

Rio - A família de Jorge Luiz de Souza, de 23 anos, vive um drama há 18 dias. Eles tentam provar a inocência do rapaz e do amigo, Higo Lima de Araújo, de 24, presos suspeitos de roubarem uma moto em Queimados, na Baixada Fluminense. A dupla foi detida na madrugada do dia 20 de março depois que uma vítima, que teve sua moto roubada, reconheceu eles. Em nota, a Polícia Militar informou que os homens foram detidos na Praça dos Eucaliptos, no Centro de Queimados, e conduzidos, junto à vítima que os acusava, à 52ª DP (Queimados).
Alice Vitor, de 21 anos, esposa de Jorge, conta que ela, o companheiro, Higo e a namorada estavam em uma lanchonete por volta das 00h30 do dia 20, quando foram surpreendidos por policiais militares mexendo na moto de Jorge. "A gente encontrou com eles na Praça dos Eucaliptos para lancharmos. Antes disso, meu marido e o amigo estavam na quadra São Roque bebendo com outros amigos, depois vieram ao nosso encontro", diz.
Ela continua: "Eles estavam lanchando quando uma pessoa chegou no meu marido avisando que um policial e um homem estavam mexendo na moto dele. Ele se levantou e foi até lá. Aí um homem, que disse ser policial, junto de um PM fardado, deram voz de prisão acusando ele de roubar a moto. O Higo chegou em seguida e contou que estava junto dele e que meu esposo não tinha feito nada disso que estavam falando. Foi então que o policial também deu voz de prisão para ele falando que estavam juntos no roubo".
De acordo com o advogado das vítimas, Robson da Silva Ribeiro, a prisão ocorreu de forma irregular e, por este motivo, ele enviou um novo pedido de revogação da prisão na quarta-feira (6) ao Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ). "Higo estava em um veículo da marca Honda Civic e tem fotos dele dentro do carro com a namorada nesta noite. Jorge chegou ao local, no mesmo horário que Higo, com a moto que os policiais dizem que foi roubada, mas até o momento não foi comprovado que a motocicleta pertencia à vítima que reconheceu eles e nem armas foram encontradas no momento do flagrante", diz.  
Ainda segundo o advogado, a vítima disse que o crime teria sido cometido por volta das 23h30 na Praça dos Eucaliptos, no entanto, 10 minutos antes a dupla comprou uma cerveja em um bar a 1,6 km de distância, no bairro São Roque. A defesa, que já anexou a prova no processo, diz que há extratos bancários que comprovam a versão.
Alice também contesta a acusação dos policiais: "As câmeras de segurança próximo à rua e o extrato do cartão de crédito do Higo podem ajudar a provar a inocência deles", garante.
A defesa dos rapazes ainda não obteve as imagens das câmeras de segurança de uma sorveteria que flagrou a abordagem dos policiais. O advogado alega que é necessário solicitar ao TJRJ a liberação das imagens, o que ainda não aconteceu.
Luiz e Higo estão presos no presídio de Magé e as famílias ainda não conseguiram autorização para visitá-los.
De acordo com o TJRJ, a audiência de custódia de Higo e Jorge Luiz foi realizada no dia 21 de março. Na ocasião, a juíza converteu a prisão em flagrante, de ambos, em preventiva. A defesa dos acusados pediu a revogação da prisão preventiva e o Ministério Público pediu o indeferimento do pedido de revogação da prisão preventiva. No momento o processo está para conclusão do juiz.
O delegado titular da 52ª DP (Nova Iguaçu) informou que não poderia passar detalhes da ocorrência em razão da apresentação do caso à Justiça. 
Esposa diz que marido é trabalhador
Alice reiterou a inocência de ambos e quer que a justiça seja feita. "São pessoas de bem, os dois trabalham desde pequenos, só quero provar a inocência deles. Nós temos um filho de 4 anos que sempre pergunta pelo pai e eu tenho que falar que ele está trabalhando, mas a criança continua insistindo em querer saber dele. É muito difícil".
Luiz trabalha desde os 14 anos montando laje na Baixada Fluminense e era isso que sustentava a sua família. A esposa disse que está desempregada desde o início da pandemia e que a situação financeira da família ficou ainda mais difícil sem a “base da família” em liberdade. Higo trabalha com refrigeração de ar condicionado.