Escola luta na Justiça por reconhecimento de sua ascensão à Série OuroDivulgação

Rio - A escola de samba Tradição informou, nesta quarta-feira (20), que não vai desfilar no Carnaval de 2022, pois não teve o seu acesso reconhecido pela Liga das Escolas de Samba do Rio (Lierj), atual LIGA-RJ, responsável por organizar os desfiles na Sapucaí. A agremiação, que teve uma das ascensões mais rápidas da história dos desfiles do Rio, começando no Grupo 2-B e chegando ao Grupo Especial em três anos, briga, há dois anos na Justiça do Rio, pelo reconhecimento da vitória no Grupo B do Carnaval de 2020. 
Na ocasião, o acordo firmado entre as ligas previa que duas escolas subissem para o Grupo de Acesso, uma da  Liga Independente Verdadeira Raízes das Escolas de Samba (Livres) e outra da antiga Liga Independente das Escolas de Samba do Brasil (Liesb), mas, no entanto, subiram duas da Liesb: Em cima da Hora e Lins Imperial. A vitória da Tradição, na época, foi homologada pela RioTur e, por isso, a escola iniciou a construção do projeto artístico e contratação de equipe para os desfiles de 2022.
No entanto, a Liga não homologou a vitória e não incluiu o nome da escola no sorteio dos desfiles na Sapucaí. "Uma medida infundada, baseada em interesses políticos e financeiros de um pequeno grupo que manipula a lisura carnavalesca nas categorias de base e acesso dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro. A medida impede não só o GRES Tradição de se apresentar, mas de toda uma comunidade que ama a escola. Com essa postura nefasta, os amantes da azul e branca de Campinho sofrem. Nossas baianas, velha guarda, passistas, equipes e admiradores da escola estão em luto profundo", informa um trecho do comunicado da escola.
A presidente da escola, Raphaela Nascimento, neta do Natal da Portela, ícone da Azul e Branco de Madureira, também lamentou o ocorrido. "É um sentimento muito triste. Desde que eu me entendo por gente é a primeira vez que não vou ver minha escola desfilando. Mas ao mesmo tempo é um sentimento de força e união para continuarmos lutando contra as ações incoerentes não oficiais da liga em não entender que em 2020 seriam duas campeãs do grupo B; uma da Livres (no caso a Tradição) e uma da antiga LIESB", disse.
Agora, a escola informou que vai dar prosseguimento ao processo judicial. "Após este Carnaval vamos intensificar para que consigamos o nosso direito e estejamos dentro do quadro de filiadas da Série Ouro. Vamos entrar com todos os recursos para termos o nosso direito reconhecido", afirmou a presidente.
De acordo com a escola de samba, em fevereiro a diretoria decidiu parar o trabalho que estava em evolução no barracão. Os carros já estavam na etapa de receber a madeira para fixar a estrutura e as fantasias em fase de finalização.
Escola de tradição
A Tradição foi criada por familiares do ex-patrono da Portela, Natal, no mesmo ano do surgimento da Liesa. Seu nome de fundação foi Sociedade Recreativa e Cultural Portela Tradição, alterado posteriormente para SCR Amor e Tradição, devido a uma ação judicial movida pela diretoria da Portela.
Após um período de ascensão, a Tradição alternou entre altos e baixos, tendo por duas vezes feito desfiles marcantes: em 1994, com o enredo 'Passarinho, Passarola, Quero Ver Voar!', quando conquistou a sexta posição do Grupo Especial, seu melhor resultado até hoje; e em 2004, quando reeditou um samba da Portela, 'Contos de Areia', prestando uma homenagem à escola da qual se originou, ao colocar no carro abre-alas o nome da Portela. Somente no segundo carro alegórico veio a inscrição "Tradição".
O desfile de 2001 foi o que mais atraiu a atenção do público, pois a escola homenageou o apresentador de TV e empresário Sílvio Santos, trazendo de quebra para o desfile figuras famosas do SBT, como por exemplo, o locutor Lombardi, já falecido.
Procurado por O DIA, o Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) informou que o processo segue em trâmite e ainda não foi julgado. A RioTur e a Liga Carnavalesca também foram contactadas, mas até o momento não houve resposta.