Amiga de Raquel Antunes, em pula-pula, observa passagem de carro onde ocorreu o acidenteBruna Fantti

Rio - Em um bar na Frei Caneca, a menina M.; 11 anos, brincava em um pula-pula, dentro da área de uma lanchonete, sendo observada pelos pais. Ela era amiga de Raquel Antunes da Silva, da mesma idade, que morreu após ser imprensada por um carro alegórico, na quarta-feira. "Me sinto muito triste hoje", disse à reportagem, na madrugada do primeiro dia de desfiles do Grupo Especial.
"Fiquei sabendo por ela que a Raquel tinha morrido. Ela me disse: 'mamãe, a Raquel morreu'. Elas brincavam juntas. Os carros passam muito perto da calçada, eu falei pra ela brincar aqui dentro do restaurante e estou de olho", disse sua mãe, Ivoneide de Souza.
Para os moradores e comerciantes da Rua Frei Caneca, onde ocorreu o acidente, houve uma mudança na postura das escolas. "Agora, os seguranças gritam: 'o carro está vindo, o carro está vindo'. Antes, não tinha isso, só passavam. Também, vem um grupo maior de homens em volta do carro, pedindo para as crianças se afastarem", observou Ana Nascimento, 26 anos, que trabalha com a mãe em um trailer localizado em um acesso ao morro da Mineira. Ana afirmou que já criança trabalhava com a mãe, Maria Nascimento, no local e costumava olhar a passagem dos carros.
Carro colide em poste na Frei Caneca - Bruna Fantti
Carro colide em poste na Frei CanecaBruna Fantti
"Mas na época dela as crianças não se aproximavam. De uns cinco anos para cá que elas começaram a subir e as escolas deixaram", afirmou sua mãe, enquanto atendia os clientes. Apesar de moradoras da Mineira e de trabalharem há mais de 20 anos no local elas contam que nunca viram um desfile na Sapucaí. "O mais próximo que já chegamos do desfile foi aqui. E, para muitos que moram aqui também, o mais próximo do Carnaval é ver os carros saindo", apontou. Ela disse também que esse é o primeiro acidente do tipo, sendo que já viu foi um carro pegar fogo ao derrubar fios de um poste.
A Frei Caneca é uma rua estreita, margeada por pequenas casas que usam as garagens como ponto de comércio. Além disso, há acessos para as comunidade geminadas Mineira e São Carlos. A reportagem flagrou o momento em que um carro bateu no mesmo poste onde ocorreu o acidente.
"Aqui é assim: terminou o desfile tem que prestar muita atenção. É difícil andar na calçada, é bem estreito e perigoso. Deveria ter uma passarela para a gente passar e não correr esse risco", disse Diego Gonçalves, que tentava passar com sua fantasia pela calçada, ao lado de um carro. O carro alegórico envolvido na morte da menina foi apreendido, e a Polícia Civil investiga o caso. Além dos integrantes da escola, equipes da Guarda Municipal e a Polícia Militar reforçaram a segurança na rua.