Presidentes das Escolas de Samba apoiam dois carnavais no ano Reginaldo Pimenta/Agencia O Dia

Rio - Para quem espera pelo Carnaval ansiosamente, agora pode alimentar a esperança de ter dois eventos no ano. A hipótese foi levantada pelo Presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), Jorge Perlingeiro, e incentivada pelos presidentes das agremiações. Não há nada oficializado e a ideia ainda está sendo discutida. O período do segundo desfile seria no meio do ano, em julho, para a cidade do Rio oferecer um novo calendário aos turistas nas férias.
"Eu estou pensando nisso tem um tempo para a Liga não ficar restrita a um único espetáculo. Precisamos manter a Cidade do Samba, a sede, o funcionário, não tem como ser uma só vez", disse Perlingeiro. A princípio, não haveria disputa e o tema seria escolhido e desdobrado entre as escolas. "O tema, para mim, poderia ser a beleza do Brasil, por exemplo, ou do Rio de Janeiro. Seria uma apologia de amor ao nosso país, nossa cidade. Essa apresentação poderia ser principalmente para turistas, porque julho é período de férias", explicou.

Para Perlingeiro, o segundo Carnaval do ano não teria mais de 2 dias. Além disso, as alegorias seriam reduzidas e não haveria disputa, como é o de costume. "Obviamente que tudo isso tem que passar pelo poder público. Daqui para frente tudo são hipóteses a serem desenvolvidas. Não adianta fazer dois carnavais iguais, o objetivo é justamente outro perfil de festa, mas contando com carro alegórico e samba enredo", explicou o presidente da Liesa. "Poderíamos fazer um tema único, dividido em 12 atos e cada escola representaria um pedaço, com duas ou três alegorias e mil componentes, no máximo, para fazermos um trabalho bonito", completou.

Os valores dos ingressos seriam discutidos depois de uma análise aprofundada, já que é necessário aferir o custo, fazer o levantamento de quanto pode ser arrecadado para viabilizar o evento e acertar a realização com o poder público. Depois, o preço é definido, mas a ideia é que seja mais caro para turista.

O presidente da Unidos da Tijuca, Fernando Horta, disse que a hipótese já estava sendo estudada e no futuro é algo que pode acontecer. "Logicamente, fazer dois desfiles iguais não sei se seria viável, mas se for em uma proporção menor, é possível sim. Por um lado, poderia ser difícil manter mais profissionais trabalhando, por outro, movimenta mais a cidade e a economia, o que é ótimo", declarou Fernando, que acha importante pensar em uma data fixa para as pessoas poderem se programar nas férias.

As escolas Vila Isabel, Grande Rio e São Clemente também afirmam que não há possibilidade para dois desfiles tradicionais no ano mas, se o evento foir realizado em menor escala, como uma apresentação, as agremiações apoiam e fazem questão de participar.

"São muitas dificuldades para levar em conta. Eu acho legal a ideia, mas precisamos ver como fica a parte financeira. A gente tem que se reunir e se organizar. Para mim, o ideal seria que pudéssemos nos apresentar com a mesma fantasia já usada no desfile tradicional", disse Renato Almeida, presidente da São Clemente.
"Acredito que mais para frente dá para fazer direito, sabendo que em fevereiro tem o desfile oficial e em julho, a apresentação. Podemos reduzir a bateria, colocar um carro, enfim. Sem a competição seria ainda melhor, vai movimentar o barracão, gerar emprego e incentivar a cultura na cidade do Rio", explicou ele.

Já para o presidente da Portela, Luis Carlos Magalhães, a beleza do Carnaval é justamente a efemeridade dele. "Esse Carnaval que a gente conhece é intocável. Ele tem que ser assim, efêmero, como o samba que você nunca mais vai ouvir, o bordado da fantasia. Tudo isso faz parte da emoção", declarou. "Se for para aproveitar a cidade do samba com uma apresentação simplória, fazendo com que o público tenha mais contato com essa cultura, eu sou a favor. Não precisa fazer em julho, dá para ser um segundo carnaval em agosto ou setembro", completou Luis, que é a favor do empreendedorismo no Rio e defende que a Cidade do Samba seja ocupada para além das épocas de desfile.

A possibilidade foi bem recebida pelo presidente do Sindicato dos Meios de Hospedagem do Município do Rio (Hotéis RIO), Alfredo Lopes, que enfatizou que sempre defendeu a ideia de ter dois carnavais no ano. "Seria maravilhoso e ajudaria bastante a rede hoteleira, assim como a cidade inteira também. O ideal seria em junho ou agosto, não como um desfile tradicional, mas algo mais compacto", disse. "Poderíamos elaborar um segundo calendário, que já se mostrou viável. Eu acredito que tudo que é bom pode repetir e um dos maiores eventos do mundo acontece aqui, por que não ter uma segunda edição?", finalizou ele.

Procurada, a Riotur informou que não se posicionará neste momento sobre o assunto por causa dos eventos carnavalescos que ainda estão acontecendo na cidade.