Força-tarefa do MP realiza constantes demolições em prédios irregulares da Muzema, outra exploração de milicianosDIVULGAÇÃO/Arquivo
Polícia faz operação contra milícia que passou a explorar até catador de lixo na Muzema
Draco e DDSD visam cumprir 79 mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao miliciano Jocemir de Santana Souza, liderança presa
Rio - Uma denúncia feita à Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas), ao qual O DIA teve acesso, mostra o grau de exploração econômica no qual moradores de Rio das Pedras e Muzema estão submetidos: até catadores de lixo devem pagar taxas aos criminosos locais. "Daqui a pouco a população vai ter que pagar para sair na rua", escreveu o denunciante, após apontar a nova modalidade de exploração.
Com base em informações de inteligência, o delegado Thiago Neves, titular da Draco, reuniu informações para uma nova etapa do projeto Cidade Integrada, visando cumprir 79 mandados de busca e apreensão, em endereços ligados ao miliciano Jocemir de Santana Souza, vulgo Cemir, uma das lideranças de Rio das Pedras e Muzema. Cemir foi preso em 2021, após ser baleado, mas continuaria com influência na região.
Ao ser preso, em seu poder havia um aparelho de telefone celular, sendo que este, após representação e deferimento judicial, foi submetido a análise de inteligência. Na análise, "pode-se verificar claramente, que as comunidades são subjugadas a atuação criminosa da milícia, circunstância em que os moradores são obrigados a realizar o pagamento de taxas inerentes à prática de extorsão sob forma de segurança privada ou outro tipo de serviço, como o consumo de água e luz no âmbito residencial, transporte alternativo e até a cobrança de valores aos catadores de lixo reciclável", disse a especializada, em nota.
De acordo com André Leiras, um dos delegados assistentes da Draco, a milícia fatura cerca de R$ 750 mil por mês somente desviando energia elétrica e cobrando o serviço dos moradores. "Descobrimos que o Cemir era o grande responsável por arquitetar o furto de energia elétrica da comunidade. Essa energia, que era furtada da concessionária, era distribuída a alguns moradores da região que eram coagidos a pagar uma taxa de R$ 150 por mês para usar aquela energia furtada. A operação de hoje visa desmantelar esse esquema criminoso, que rendia cerca de R$ 750 mil por mês e, com certeza, será um baque financeiro muito grande a extinção dessas ligações clandestinas", afirmou.
Desde janeiro deste ano, a Draco prendeu 19 pessoas ligadas à milícia de Rio das Pedras e Muzema, entre as principais lideranças estão: Fabiano Cordeiro Ferreira, o Mágico; João Henrique Pedro da Silva, Pezão; André Silva Loback; e Bruno Guarany, o Skunk.
É importante salientar que tanto a Zona Oeste, quanto a Baixada Fluminense, estão sendo monitoradas diariamente, pela Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, com o objetivo de enfraquecer e liquidar toda e qualquer Organização Criminosa que venha usurpar direitos dos cidadãos locais.
A Draco informa que todos aqueles que, direta ou indiretamente, participem de Organizações Criminosas, serão responsabilizados.
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