E segui pelo Centro, aparentemente sozinha, com a sensação de que ela havia transferido aquele seu sorriso cheio de vivacidade para mimArte: Kiko
Sorriso de mãe para filha
Como todas essas relíquias ficavam a cargo da minha mãe, tivemos que revirar pastas e papéis e, nessa procura, surgiram diplomas, documentos e fotos de toda a família. Estava tudo lá, comprovando que ela sempre foi a guardiã do nosso afeto
Num dia desses, o Facebook me trouxe a lembrança de uma foto com a minha mãe. Ela estava linda, elegante, com uma blusa rosa e seu marcante sorriso de covinhas. Ao seu lado, meu riso era tímido, não tão enfático quanto o dela. E essa imagem me fez viajar por vários momentos entre nós duas: cenas, acontecimentos e diálogos me vieram à mente. É incrível como um simples clique pode revelar vários sentimentos.
Entre tantas memórias, pensei na frase repetida pela minha mãe incontáveis vezes, fazendo jus ao seu lado coruja: "Você está linda, minha filha!" Ao mesmo tempo, recordei também uma época em que andei cabisbaixa e ela não deixou de me achar bonita, mas me dizia: "Só falta um pouco de viço. Falta chegar aos lugares com mais alegria". Era mesmo verdade, e sentimentos assim a gente não esconde de quem nos colocou no mundo.
Fiquei com aquela foto gravada na minha mente durante alguns dias, comprovando o que senti desde a sua morte, em agosto de 2019. A partir daquele momento, tive a sensação de que a nossa conexão seria eterna, como de fato é. Sua presença é constante, mesmo que ela esteja ausente fisicamente.
Também comprovei a sua permanência numa busca recente por documentos aqui em casa, quando o meu irmão precisou encontrar os seus certificados de batismo e primeira comunhão para apadrinhar três crianças. Como todas essas relíquias ficavam a cargo da minha mãe, tivemos que revirar pastas e papéis e, nessa procura, surgiram diplomas, documentos e fotos de toda a família. Estava tudo lá, comprovando que ela sempre foi a guardiã do nosso afeto.
Sei ainda que ela era a maior torcedora da minha alegria. Na última terça-feira, numa ida ao Centro do Rio, eu me lembrei das tantas vezes em que passeávamos no movimentado bairro da capital fluminense e de lá voltávamos com alguma novidade para chamar de nossa, nem que fosse uma bijuteria com preço de pechincha. Minha mãe era mesmo especialista em adornar a minha vida de bons momentos.
Na terça-feira, antes de voltar para casa, ainda comprei um bolo de banana para o meu pai, além de itens de papelaria que ele havia pedido. E segui pelo Centro, aparentemente sozinha, com a sensação de que ela havia transferido aquele seu sorriso cheio de vivacidade para mim. Feliz Dia das Mães!
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