Paulo Sergio Alves Guimarães se defende de acusaçõesArquivo pessoal

Rio - Após ser acusado de tentar dopar uma engenheira durante uma uma corrida por meio de aplicativo, na segunda-feira passada (2), o motorista Paulo Sergio Alves Guimarães, de 37 anos, se defendeu das acusações e disse que o episódio está prejudicando até sua família.

Paulo Sergio garante que borrifou álcool nas mãos para higienizá-las, como sempre faz, por causa da Covid-19, e seguiu viagem. Um pouco depois, a passageira pediu para abrir os vidros.

"Eu falei: 'sim, pode abrir sim, desculpa, foi o álcool que eu passei aqui na mão'. E até eu chegar no posto onde ela pediu para encostar, ela não falou mais nada que desse a entender que pudesse estar passando mal. Eu segui viagem, até então não estava percebendo nada demais. Quando ela pediu para encostar no posto, falou que ia comprar água rapidinho, então prontamente eu encostei, ela saiu do carro, entrou na loja de conveniência e de lá de dentro, depois de uns 20 segundos, cancelou a corrida. Eu não entendi o porquê, eu olhei para o meu celular e a corrida cancelada, eu achei que fosse um erro do aplicativo ou um bug do sistema e continuei ali por mais um minuto e meio, aproximadamente, aguardando ela, achando que ainda fosse retornar ao veículo. Quando eu percebi que ela não iria voltar, liguei o aplicativo de novo e fui seguir meu rumo para tentar pegar outras corridas. Foi só isso que aconteceu", explicou.


Em seu relato, o motorista de aplicativo expôs que ficou sabendo das acusações contra ele por meio de uma irmã, ao voltar para casa após um dia de trabalho. Por volta das 17h30, no caminho de casa, ele teria recebido uma ligação para saber se estava tudo bem com ele e se havia acontecido algum problema durante suas corridas. Com a resposta negativa, veio a notícia: ele estaria sendo acusado da internet de dopar uma mulher durante uma viagem e a publicação, com sua foto e seu nome, tinha viralizado na internet. Momentos depois, antes mesmo de chegar em casa, Paulo Sergio foi contactado pelo delegado responsável pelo caso para ele fosse à delegacia prestar esclarecimentos.

"A minha foto viralizou, então eu passei a correr risco de vida por andar na rua. Eu sinceramente não sei o que passou na cabeça dela para criar essa história, porque álcool nunca fez mal a ninguém, inclusive, para mim, o passageiro quando sente o cheiro do álcool, ele até até gosta, ele sabe que no meu carro não vai pegar covid", disse.

De acordo com ele, o uso do álcool se tornou recorrente com o início da pandemia, inclusive para higienizar os bancos a cada corrida que atende. Questionado sobre o que fará daqui para frente, Paulo Sergio disse que uma de suas maiores preocupações é provar a sua inocência: "Ainda não sei o que eu vou fazer, minha prioridade é provar minha inocência, voltar a trabalhar e receber 100% do público ao meu favor".

Motorista de aplicativo há cinco anos, com mais de 12 mil corridas e qualificação 4,94 de 5 estrelas, Paulo assumiu que nunca recebeu uma reclamação ou foi alvo de acusações tão graves como desta vez. Ele ainda pontuou que depois do fato, sua nota como motorista chegou a aumentar.

Paulo conta que o problema também está prejudicando sua família, que está aflita aguardando o desenrolar das investigações feitas pela polícia.

"É um constrangimento que eu não desejo pra ninguém, uma situação muito ruim, a minha família está dependendo do desenrolar dos fatos, nós não conseguimos comer, dormir direito, estamos perdendo até nossa saúde por causa desses fatos que se desenrolaram durante essa semana, que ela fez essa acusação. Nós nunca passamos por algo desse tipo", disse.

Sua mulher, Carolina Guimarães, afirmou que não entende como a engenheira que o acusou pensou que uma substância espirrada dentro do carro poderia dopar somente ela e não o motorista.

"A gente está vivendo um pesadelo desde que isso tudo começou, na segunda-feira. Nós nunca passamos por nada semelhante e está sendo muito difícil e, assim, a pergunta que não quer calar desde o início é: que substância mágica seria essa que seria espirrada dentro de um veículo e que doparia, ou melhor, drogaria, porque foi essa palavra que ela (a engenheira) usou nas redes sociais, apenas o passageiro e não motorista? Mas a gente está aguardando o fim das investigações e nosso intuito é provar a inocência dele, limpar a honra da nossa família e assim ele possa voltar a trabalhar", desabafou.

Segundo a advogada Marisol Souza, que cuida da defesa do motorista, foram solicitadas as imagens das câmeras de segurança dos locais próximos ao posto de gasolina onde o fato ocorreu e o frasco de álcool utilizado por Paulo Sergio foi entregue a polícia para perícia.

Mulher diz ter sido drogada durante viagem

A engenheira e influenciadora usou as redes sociais para fazer uma denúncia na qual acusou o motorista de tentar drogá-la. A jovem, que pediu para ter a identidade preservada, contou em um story do Instagram que o homem que dirigia o veículo borrifou uma substância e manteve as janelas fechadas, o que a fez quase perder os sentidos durante a viagem.

Segundo ela, o caso aconteceu por volta das 11h em uma corrida de São Conrado em direção à Barra da Tijuca. Na altura do Elevado do Joá, o motorista teria usado o spray, dizendo ser álcool. Entretanto, ela estranhou após de sentir mal. De acordo com ela, o motorista decidiu parar e ela então conseguiu chegar a uma loja de conveniência para pedir ajuda.

Após o caso, a jovem tornou o perfil no Instagram privado. O caso foi registrado na 12ª DP (Copacabana) e encaminhado pela Polícia Civil ao Juizado Especial Criminal (Jecrim).

Em depoimento, a engenheira não relatou um detalhe que chamou a atenção dos investigadores, o qual foi entendido como contradição. Nas redes sociais, ela disse que o motorista insistiu em continuar a viagem após borrifar o spray, além de dizer que ele teria reduzido a velocidade do carro após perceber que ela estava se sentindo mal. Porém, nada disso foi dito em seu relato aos policiais.

O caso segue sob investigação como possível lesão corporal, mas até o momento não há comprovação de que algum crime tenha sido cometido dentro do veículo.