Ladeira dos Tabajaras: polícias civil e militar intensificaram operações para combater furtos e drogasReprodução 'Onde Tem Tiroteio-RJ'

Rio - Após a alta de roubos de metal na Zona Sul, traficantes ordenaram, na noite de terça-feira, dia 10, a suspensão da venda de crack na região. Isso porque usuários de drogas migraram de uma cracolândia que existia próximo ao Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, para ruas dos bairros de Copacabana e Ipanema. A migração teria ocorrido de forma definitiva com a implementação do programa Cidade Integrada.
Lá, os usuários passaram a furtar e roubar objetos de metal para vender a três ferros-velhos localizados aos arredores do Morro do Tabajaras. Com o dinheiro, passaram a comprar crack no morro Dona Marta e no próprio Tabajaras. As informações foram confirmadas pelo DIA com investigadores.
A reportagem apurou que, até então, os traficantes vendiam uma pedra pelo valor de R$ 50, considerada a maior quantidade comercializada pela quadrilha. No entanto, a venda da droga e o aumento dos roubos chamou a atenção das polícias civil e militar que passaram a fazer contínuas operações na região, atrapalhando assim a venda de outros entorpecentes mais rentáveis aos traficantes.
Em áudios, supostos traficantes repassam a ordem da cúpula da facção. "O papo já foi dado, os amigos conhecem a voz, acabou cracudo (sic)", diz um suposto criminoso em um dos áudios. Em outra mensagem, um homem orienta que os criminosos expulsem usuários que procurem por crack nas favelas. A voz a que o traficante se refere seria a de Wilton Quintanilha, o Abelha, um dos chefes do Comando Vermelho.
O presidente da Sociedade de Amigos de Copacabana, Horácio Magalhães, já havia notado o aumento do roubo de metais. "Os roubos aumentaram muito. Os relatos de furtos de tudo quanto é material metálico e de bronze, como letras e números de condomínios, corrimões, hidrômetros, entre outros, também tiveram um 'boom' significativo", disse à reportagem, na semana passada.
A relação do uso de drogas com o aumento da criminalidade, além do tratamento de saúde para usuários já é um antigo debate entre políticos e especialistas. 
Em 2012, quando também era prefeito do Rio, Eduardo Paes implementou a internação compulsória de usuários de crack. Na época, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) aprovou a medida, mas magistrados afirmaram que ela poderia ocorrer somente com ordem judicial e individualizada.
O ex-secretário de Polícia Civil do Rio, Allan Turnowisk, já havia apontado nas redes sociais o aumento dos furtos relacionados a usuários de entorpecentes. Ele concorda com o tratamento médico, mas também com mudanças na lei. "A tese de que as drogas são apenas um caso de saúde pública se mostrou fantasiosa. Sempre será um caso de polícia também". Para ele, quando um usuário for preso é necessário o tratamento compulsório, ou seja, obrigatório.