Áudio: 'Não tem papo', teria dito bandido que ordenou morte de jogador
Gravação está sendo analisada pela polícia, que procura por câmeras. Família de Fabrício Santos da Silva irá depor nesta tarde, na Delegacia de Homicídios
Fabrício dos Santos Silva, 24 anos: morador de Manguinhos foi morto ao entrar no Morro da Cruz - Arquivo pessoal
Fabrício dos Santos Silva, 24 anos: morador de Manguinhos foi morto ao entrar no Morro da CruzArquivo pessoal
Rio - Um áudio obtido pelo DIA mostraria o traficante Leandro Nunes Botelho, o Scooby, um dos líderes do Terceiro Comando Puro (TCP) orientando os comparsas a executar Fabrício Santos da Silva, 24 anos, jogador de futebol amador e assistente de cozinha. O jovem, morador de Manguinhos, foi morto na madrugada de sábado, dia 21, após entrar no Morro da Cruz, na Zona Norte do Rio. O motivo da morte, segundo testemunhas, seria o fato dele residir em um local de atuação de venda de drogas do Comando Vermelho (CV), quadrilha rival.
Áudio que seria do traficante Scooby é analisado pela polícia. Ele teria ordenado a morte de Fabrício Santos da Silva, 24, somente por ele ser morador de uma comunidade dominada pela quadrilha rival.#ODiapic.twitter.com/YMgO0cGVgC
No áudio atribuído a Scooby há a orientação: "Vamos ver qual é desse maluco aí, vamos ver qual é desse maluco aí, meu parceiro. Pega a visão geral: se ele tem família no morro, qual é a dele. Se ele for de Manguinhos, parceiro, não tem papo. Não tem papo, mano, não tem papo". Testemunhas ouvidas pela reportagem, que já ouviram a voz de Scooby, afirmam ser ele na gravação.
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital, que marcou o depoimento de familiares e amigos para a tarde desta segunda-feira. Além da mãe de Fabrício, Sueli Santos, estão sendo esperados os amigos que estavam com ele e a sua namorada, com quem morava junto.
Entenda o caso:
De acordo com a mãe, Fabrício estava com dois amigos, em um bar de Manguinhos, na madrugada de sábado, dia 21, quando soube de uma festa no Morro do Borel, também na Zona Norte. Eles chamaram um carro de aplicativo, que deixou os três no lugar errado, o Morro do Cruz: uma extensão do Borel, dominada pela quadrilha de traficantes rivais daquela que atua em Manguinhos.
Ainda de acordo com Sueli, os amigos, ao serem informados que não estavam no Borel, saíram correndo. Já Fabrício ficou conversando com uma moradora do local, que disse para ele ficar calmo e que o ajudaria.
"Os amigos me ligaram e contaram isso. Que ele ficou conversando, não correu. Eu fui lá, já era 4h30 da manhã, queria o meu filho. Bati na porta dessa moradora, ela não atendeu. O chinelo dele estava no chão. Fui para a delegacia", contou.
Após ir na delegacia do bairro, ela soube por policiais militares que um corpo havia sido encontrado na Rua Leopoldo, no Andaraí, e removido ao IML (Instituto Médico Legal). "Fui até o IML e ouvi o que não queria: era ele. A moça só me mostrou uma foto do rosto, eu reconheci. Mataram com tiros de fuzil nas costas. Não quis saber quantos, mas falaram que foi muito tiro", contou Sueli.
O corpo de Fabrício, que além de atuar como jogador de futebol amador trabalhava em uma fábrica de salgados em Bonsucesso, foi enterrado ontem, no Cemitério do Caju, sob forte comoção.
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