Abalado, o pai do jovem usava uma camisa do Fluminense, que pertencia ao jovem, e foi amparado por familiares no IML de Nova IguaçuReginaldo Pimenta / Agência O Dia

Rio - A mãe do soldado da Aeronáutica viu da passarela o filho ser morto durante uma tentativa de assalto  em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, na noite desta quinta-feira. Luiz Elias Vieira de Mello, de 21 anos, estava de moto, aguardando a mãe que saía do trabalho, quando foi atacado por três criminosos. De acordo com a tia do jovem, a cabeleireira Heloísa César Fortunato da Silva, era um trajeto curto em que a cunhada poderia fazer sozinha, mas por conta da falta de segurança no bairro, ele sempre ia buscá-la no ponto de ônibus.
Adriana Vieira, mãe do militar, trabalha como assistente administrativa no Distrito Industrial de Queimados, também na Baixada, e soltava do ônibus próximo a passarela, onde ele sempre a esperava. Há cerca de um ano e meio, Luiz se mudou para um condomínio com a mãe, o pai e as duas irmãs mais novas. A casa deles, segundo a tia do jovem, era a poucos metros do local da tragédia.
"Ela disse que desceu do ônibus e estava atravessando a passarela quando viu tudo. Ela contou que viu três elementos se aproximarem dele, mas como ele tinha muitos amigos, achou que pudesse ser amigos dele. Quando ela ouviu o tiro, gritou. Nisso, eles correram. Ele ia entregar o celular, mas levou um tiro no peito. Ela correu, mas quando chegou, ele já estava morto. Atiraram e não levaram nada. Ficou a moto, o celular e a vida do meu sobrinho foi ceifada", disse Heloísa, que esteve no IML de Nova Iguaçu para liberar o corpo do militar, na manhã desta sexta-feira.
Luiz Elias era torcedor apaixonado pelo Fluminense. O pai do jovem também esteve no IML e usava uma camisa do clube que pertencia ao filho. Muito abalado, ele e a mãe do militar não conseguiram falar com a imprensa.
"Ele era um filho muito amoroso, sempre falava que ia buscar ela para não deixá-la voltar para casa sozinha. O pai dele trabalha até tarde e como ele chegava do quartel cedo, falava: 'Deixa que eu vou buscar minha mãe. Deixa que essa vai ser a minha parte que vou fazer por ela'. Ele tinha feito uma tatuagem no braço em homenagem à mãe. Esse crime acabou com a nossa família", lamentou Heloísa.
Relatos de moradores dizem que o local é perigoso e que a presença da viatura, que era constante na região, não se encontra mais presente para garantir a segurança da população.
"O trajeto entre o condomínio e o ponto é muito escuro, mas tem uma fábrica, onde tem câmeras. A polícia falou ontem que ia procurar por imagens. É muito perigoso. Muitas pessoas relataram que ali todo dia tem assalto. Não tem uma viatura circulando. Muita gente pede para o esposo ou filho buscar no ponto de ônibus justamente por isso", disse a tia do jovem. 
Luiz Elias estava na Força Aérea Brasileira (FAB) há três anos e tinha planos para seguir carreira. Heloísa contou que o jovem ajudava a mãe a pagar o apartamento em que moravam e estava feliz por ter comprado uma moto e um aparelho celular novo.
"Foi uma felicidade tão grande quando eles conseguiram obter a casa deles. Ele estava ajudando a mãe a pagar. Quando ele entrou para a Aeronáutica, foi uma festa, a família toda ficou muito animada. Na formatura, a gente tinha falado que não ia ninguém, mas fomos todos escondidos. Ele ficou muito feliz. Ele era querido por todos. Ele estava fazendo um cursinho interno para poder se graduar lá dentro".
A tia do militar ainda relembrou os últimos momento que tiveram juntos.
"A última conversa que tivemos foi justamente sobre um Iphone que ele tinha comprado. Ele tinha acabado de quitar a moto dele e falou que a próxima aquisição seria um Iphone. A primeira coisa que falei para ele foi: 'Meu filho, se um dia você vier a ser assaltado, você entrega, porque tem rastreio. Então, você entrega, porque sua vida vale mais'. Já tinha acontecido isso da irmã dele ser assaltada e conseguimos recuperar o aparelho. Ele falou: 'pode deixar, tia'. Ele iria entrar de férias hoje, tava doido pra pintar o cabelo de loiro, ficar brincando com os amigos do futebol, mas infelizmente não deu tempo", contou Heloísa, que pediu:
"A família só pede justiça, que as autoridades se empenhem. Em nosso bairro, há vários relatos de assaltos, mas muita gente não gosta de comentar por medo. Mas o pouco que eu conversei com minha cunhada, ela disse que eu poderia falar, porque ela não quer que o filho dela seja mais um a entrar para a estatística. A gente está com dor, com pesar, mas a gente está tentando ser firme pelo menos para poder lutar por justiça".
O enterro do jovem será neste sábado (28) às 14h, sendo o velório a partir das 12h30, na capela Carneiro, no Cemitério de Nova Iguaçu, no Centro da cidade.  O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense.
Por meio de nota, a Força Aérea Brasileira (FAB) lamentou a morte de Luiz Elias. Ele era militar do Parque de Material Bélico de Aeronáutica do Rio de Janeiro (PAMB-RJ).

"A Instituição expressa suas condolências e informa que está prestando todo o apoio à família do militar nesse momento de pesar. A FAB acompanha a apuração dos fatos envolvendo o integrante de seu efetivo",  informou nota da FAB. 
*Com Reginaldo Pimenta