Vinícius Hayden, ex-assessor do vereador Gabriel Monteiro, morreu em acidente de carro em Teresópolis. Ele havia denunciado do vereador e dizia estar sofrendo ameaçasReprodução Arquivo Pessoal
Corpo de ex-assessor de Gabriel Monteiro morto em acidente de carro será enterrado nesta segunda
Vinícius Hayden Witeze teria perdido a direção em uma curva na RJ-130, em Teresópolis, na Região Serrana. Ele havia denunciado o vereador por assédio moral e sexual e dizia estar sofrendo ameaças
Rio - O corpo de Vinícius Hayden Witeze será enterrado às 16h desta segunda-feira, no Cemitério Municipal de Mesquita, na Baixada Fluminense. O ex-assessor do vereador Gabriel Monteiro morreu na noite de sábado (28), em um acidente de carro na estrada RJ-130, que liga Teresópolis a Nova Friburgo, na Região Serrana.
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Ele estava acompanhado de uma mulher, que não teve o nome divulgado, e que foi encaminhada para o Hospital das Clínicas de Teresópolis. Ela já recebeu alta da unidade de saúde.
Uma perícia no carro de Vinicius foi realizada nesta segunda. Por enquanto, a hipótese para o acidente foi perda de direção do motorista ao entrar em uma curva. "A sobrevivente foi ouvida e descartou qualquer tipo de intervenção de terceiros. Diligências estão em andamento para apurar as circunstâncias do acidente", informou a nota da Polícia Civil.
Em depoimento, ela negou que o carro estivesse em alta velocidade já que havia sinais de problemas mecânicos por uso de gasolina de baixa qualidade. Ela também mencionou desconhecimento de rodovia, escuridão e sinalização precária.
Segundo o registro feito na delegacia, no interior do carro de Hayden foram encontradas cópias do termo de declaração de dele em ocorrência envolvendo Gabriel Monteiro. Ele denunciou o vereador e ex-policial militar por assédio moral e sexual, resultando em uma investigação na Câmara, que pode levar à cassação do mandato de Monteiro.
Pedido de segurança
Um dia antes de morrer, o ex-assessor telefonou para o gabinete da vereadora Teresa Bergher, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, pedindo que ela disponibilizasse um segurança para ele.
"O procurador da Câmara, José Minc, me disse que seria necessário um ofício das testemunhas pedindo a segurança. Na sexta-feira o Vinícius ligou para o meu gabinete, pedindo segurança. Foi orientado a fazer um ofício com este pedido. Ele ficou de entregar o documento nesta segunda-feira, mas, infelizmente, não teve tempo. É tudo muito triste, muito chocante e estranho. Vamos aguardar a perícia no carro", disse Teresa Bergher.
A vereadora já havia pedido na quarta-feira passada (25) ao presidente da Câmara Carlo Caiado que solicitasse segurança para Vinícius e o outro ex-assessor de Gabriel Monteiro, Heitor Neto. Ambos afirmaram em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara do Rio, também na quarta-feira, que estavam recebendo ameaças pelas redes sociais dos seguidores do vereador.
O vereador Chico Alencar (Psol), relator do processo contra Monteiro e membro do Conselho de Ética da Câmara, lamentou o ocorrido. Eles estiveram juntos na quarta-feira passada, quando o ex-assessor prestou depoimento, usando colete a prova de balas. Na ocasião, também informou que estava andando com escolta e sofrendo ameaças.
"Triste e trágica a morte do jovem Vinicius Hayden, ocorrida quatro dias após seu robusto depoimento ao Conselho de Ética da CMRJ, no processo ético-disciplinar que avalia a conduta do vereador Gabriel Monteiro. Antes de mais nada, solidariedade aos familiares e amigos de Vinicius: que encontrem amparo e consolo frente a essa tremenda perda", escreveu Alencar em suas redes sociais.
Alencar disse ainda que é preciso apurar os fatos. "E que as circunstâncias do acidente que o vitimou sejam rigorosamente apuradas, inclusive com perícia do veículo que utilizava. O esclarecimento pleno e rápido dessa tragédia também reduzirá os temores de testemunhas a serem ainda ouvidas. As duas primeiras que depuseram no Coética, o próprio Vinícius e Heitor, relataram, como é sabido, ter recebido ameaças, inclusive de morte. É difícil acreditar que aquele jovem articulado e firme, que nos passou franqueza e não escondeu emoção quando falava de sua situação de vida, já não esteja entre nós".
Vereador se defende sobre insinuações de envolvimento em acidente
Gabriel Monteiro usou as redes sociais, na tarde deste domingo, para se defender de possíveis acusações de envolvimento no acidente que causou a morte do ex-assessor. "Após tentarem me forjar em estupros, pedofilias, assédios, e mil outros crimes. Vão falar que eu o matei. De coração, que ele esteja com Deus. Imagino a dor dos seus pais, pessoas maravilhosas", escreveu.
Monteiro também lamentou a morte do ex-funcionário: "Quem me conhece sabe que não desejo mal a ninguém. Meu ex-assessor que tinha sido pego oferecendo 600 mil reais a outro assessor para forjar provas contra mim. Que foi flagrado junto com o 02 da máfia do reboque. Morreu num acidente. É triste demais. Jamais torceria por esse fim", escreveu Gabriel em uma rede social.
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