Rio- Após o programa de Casamentos Comunitários ser interrompido por conta da pandemia, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) retomou o serviço na última sexta-feira (27). O objetivo do projeto é converter uniões estáveis em casamentos, além de regularizar o estado civil de casais que já vivem juntos, para fins de proteção da família e ampliação das garantias dos direitos patrimoniais, sucessórios e previdenciários.
Entre os 25 casais que oficializaram a união na reinauguração do serviço, estavam Amanda Constância, de 26 anos, e William Matheus, 29. Os moradores de Quintino, na Zona Norte do Rio, realizaram o casamento para que pudessem conseguir a guarda dos dois sobrinhos do noivo, que perderam a mãe, irmã dele, no mês passado, vítima de feminicídio.
"Estou feliz por estar casando com a mulher que eu amo e para proporcionar uma vida digna aos meus sobrinhos que perderam a mãe de uma maneira trágica porque presenciaram o crime praticado pelo próprio pai. Tenho esperança de que a partir de agora com a família maior e todos unidos tenhamos paz", contou Matheus, emocionado.
Além deles, Roberto Schoreder Alves, 62, e Verônica Soares da Silva, 37, também oficializaram a união, após sete anos de relacionamento. Roberto é ex-funcionário do TJRJ e retornou ao local para o casamento, que iria acontecer em maio de 2020, mas precisou ser adiado por conta da pandemia.
Os 25 casamentos foram celebrados pela juíza Anne Cristine Scheele Santos, da 2ª Vara Cível de Nilópolis, e pelo juiz Antônio Luiz da Fonsêca Lucchese, da Central de Audiência de Custódia. Para a magistrada, que participa do projeto há cerca de 10 anos, a experiência é gratificante. "Eu amo fazer os casamentos. Sempre gostei de participar, são muitas histórias, emoção e gratidão. Para as pessoas que estão ali é um sonho que se realiza e acaba que nós fazemos parte daquele momento", destacou Anne.
O juiz Antônio Luiz da Fonsêca Lucchese, que está acostumado a julgar casos que envolvem a área criminal, diz sempre "sim" ao ser convocado para o projeto, que faz parte há seis anos. "Aqui nós ouvimos o ‘sim’ dos dois lados. Eu que trabalho na área criminal acompanho casos tristes, presos em flagrante. Sinto-me gratificado em acompanhar momentos de alegria e conhecer a história de vida de cada casal. Esse projeto é muito importante para todos integrantes do tribunal, incluindo os juízes, porque resgata a dignidade dessas pessoas carentes e concretiza o sonho de formalizar a união estável em casamento", completou.
As inscrições para oscasamentos estão abertas e podem ser feitas pelo e-mail gabpres.diapp@tjrj.jus.br e pelo telefone (21) 3133-1881.
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