Megaoperação na Vila Cruzeiro deixou 23 pessoas mortas no último dia 24 de maio Cleber Mendes/Agência O Dia

Rio - A Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados vai acompanhar as investigações e desdobramentos sobre a megaoperação policial na Vila Cruzeiro, Zona Norte do Rio, realizada em maio deste ano. Para conseguir estar a par de todas as diligências da segunda operação mais letal do Estado do Rio - 23 mortos - , membros da Câmara vão unir esforços com a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Estado (Alerj).
O pedido para que o acompanhamento seja feito pela Câmara Federal foi assinado pelo presidente da comissão, deputado Orlando Silva (PC do B-SP), e pela deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ). Segundo a deputada estadual Dani Monteiro (PSOL), membros da Comissão prestam auxílio às famílias dos mortos na operação.
"A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj, que está acompanhando as famílias das vítimas da chacina ocorrida na Vila Cruzeiro, dará todo o suporte à Comissão da Câmara Federal. A hora é de unir esforços tanto para evitar que tragédias como essa se repitam, como para buscar alternativas à atual política de segurança pública do governo estadual, que tem se confirmado, no mínimo, equivocada", disse.
Castro diz que mortes na Vila Cruzeiro não foram uma chacina
Ao fim do encontro com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, relator da ação que obrigou o governo do Rio a elabora um plano de redução na letalidade policial, em Brasília, o governador Cláudio Castro (PL) disse que as 23 mortes na Vila Cruzeiro não podem configuradas como uma chacina.
"Não houve chacina alguma. O que houve foi uma operação que a polícia entra às quatro e pouca da manhã e tem um bonde fortemente armado saindo. Eles tentaram fazer chacina com a polícia. Não há chacina nenhuma ali", afirmou.
O governador também disse que irá atualizar o Plano Estadual de Redução de Letalidade Decorrente de Intervenção Policial. O objetivo é reduzir a letalidade nas operações policiais, incluindo sugestões do Ministério Público, da Defensoria Pública, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da população.
"Colocamos ao ministro Edson Fachin que, em até 60 dias, vamos ouvir todos. O plano para reduzir a letalidade nas operações será construído em parceria com os órgãos fiscalizadores e a população. Também vamos enviar o cronograma de implementação das câmeras operacionais portáteis. O ministro Fachin entendeu e concorda que é preciso ter uma curva de aprendizagem das imagens, mas com transparência, que é o que o governo do estado busca", afirmou Castro.
A OAB, o Ministério Público e a Defensoria Pública serão oficiados para que possam apresentar, em até 15 dias, suas sugestões para o plano. Nos próximos 30 dias, será convocada, por meio de edital, a audiência pública para que sejam recebidas as propostas de representantes da sociedade civil. Também ficou definido que as polícias Civil e Militar terão 15 dias para enviar à Comissão Gestora do Plano indicadores táticos e operacionais específicos.
Segundo Castro, parte do plano elaborado pelo governo já está em prática, como o uso de câmeras operacionais portáteis nos uniformes de policiais militares de nove unidades da Polícia Militar. Depois de implantados em todos os batalhões, os equipamentos passarão a ser utilizados nas unidades especializadas e especiais, em um cronograma definido pela Secretaria de Polícia Militar.