Familiares e amigos de Kathlen Romeu durante Audiência Pública na Câmara dos VereadoresBel Palmeira/Divulgação
'Não podemos normalizar o silêncio do MP e da Polícia Civil', diz mãe de Kathlen Romeu
Jackeline Oliveira, mãe da jovem, recebeu uma Moção de Congratulações e Aplausos da Câmara dos Vereadores do Rio nesta sexta
Rio - No mês que marca um ano da morte de Kathlen Romeu, 24 anos, grávida de cinco meses, morta por um tiro de um policial militar durante uma operação no Complexo do Lins, na Zona norte, em junho de 2021, Jackeline Oliveira, mãe da jovem, recebeu uma Moção de Congratulações e Aplausos da Câmara dos Vereadores do Rio. Durante audiência pública na Casa, na tarde desta sexta-feira (10), Jackeline reclamou do andamento do caso, que está nas mãos do Ministério Público (MP) e da Polícia Civil do Rio.
"Não podemos normalizar o silêncio do MP e da Polícia Civil. Já se passou quase um ano morte da minha filha e os dois policiais envolvidos no assassinato, e o restante que também participou da fraude processual, estão livres. Até hoje, o Ministério Público não ofereceu denúncia e ainda não processou os envolvidos por homicídio e a Polícia Civil só repete que o inquérito está em fase de conclusão. Isso é um deboche não só para a mãe da Kathlen, mas para toda sociedade que espera por Justiça", desabafou Jackeline.
A audiência pública foi realizada pela Comissão Especial de Políticas e Serviços que Impactam a Vidadas Mulheres presidida pela vereadora Mônica Benício (PSOL), viúva da vereadora assassinada, Marielle Franco.
"Foi, sem dúvida, uma audiência pública extremamente importante. Não apenas por marcar um ano sem Kathlen, mas também por mostrar aos familiares que eles não estão sozinhos. Todas as intervenções manifestaram respeito e solidariedade, mas também ficou claro o entendimento de que a situação do jeito que se encontra hoje é insustentável", disse Mônica.
De acordo com Dere Gomes, diretor da Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio (Faferj), durante a sessão na Câmara Municipal, foi solicitada uma reunião com a presidência da Casa para falar sobre a institucionalização do memorial de Kathlen, no mesmo local onde ela morreu, entre o beco do 14 e a Rua Araújo Leitão, que passaria a ser chamada de Kathlen Romeu.
"Na visão da Federação de Favelas, o caso da Kathlen Romeu precisa de respostas concretas. Quase vinte mulheres grávidas foram baleadas pela polícia na cidade do Rio. Logo, também é responsabilidade do município traçar políticas de prevenção e reparação para essas mulheres e suas famílias", disse Gomes.
Na manhã deste sábado (11), será feita a ampliação e a finalização do Memorial Kathlen Romeu, no Complexo do Lins. No local, será completado o mutirão de grafite iniciado há 11 meses.
O outro lado
Por meio de nota, a Polícia Civil informou que a Delegacia de Homicídios da Capital está analisando "detalhadamente toda a documentação produzida ao longo das investigações para encerramento do inquérito, que está em fase final de conclusão".
O Ministério Público esclareceu que a 2ª Promotoria de Justiça junto à Auditoria da Justiça Militar denunciou policiais militares pelo crime de fraude processual e falso testemunho. "O Juízo da Auditoria Militar está ainda na fase da oitiva de testemunhas da acusação e, em seguida, da defesa", informou o MP, acrescentando que a 3ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada do Núcleo Rio de Janeiro aguarda a remessa do inquérito policial relatado pela autoridade policial.
Sobre o caso
A designer de interiores, que tinha 24 anos e estava grávida, foi atingida por um tiro de fuzil no peito no dia 8 de junho de 2021. As investigações não concluíram quem fez o disparo que matou Kathlen, mas indicaram que quem puxou o gatilho foi um Policial Militar.
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