Matheus vai passar por cirurgia nesta quinta-feira; jovem foi baleado por bombeiro após discussãoDivulgação

Rio - A vida em compasso de espera. É assim que Matheus Domingues Carvalho, de 21 anos, tem passado os últimos dois meses, desde que foi baleado na barriga por um bombeiro, no início de maio. Nesta quinta-feira (7), o rapaz passará por uma cirurgia para tentar reverter a colostomia a qual foi submetido, após levar o tiro. "Quero minha vida de volta. Quero voltar a ser como era antes. Os médicos ainda não me dão 100% de certeza de que vão reverter a colostomia, mas espero que sim. Vai ser um primeiro passo pra tudo voltar ao normal, como antes", deseja Matheus.
No dia 9 de maio, enquanto trabalhava no McDonald’s da Taquara, Zona Oeste do Rio, ele foi agredido e baleado pelo sargento do Corpo de Bombeiros Paulo César de Souza Albuquerque, após uma discussão. Segundo o rapaz, Paulo César fez o pedido mas, só após o atendente finalizar a compra, mostrou o cupom de desconto. Como o sistema da empresa exige que esse procedimento seja feito antes de efetuar o pedido, Matheus explicou que não poderia mais aplicar o desconto. O militar então, agrediu o jovem e, armado, entrou na lanchonete e disparou contra ele.
O tiro deixou mais do que sequelas físicas, como a colostomia e a bala ainda alojada na coluna: deixou o trauma de uma grande violência. "Estou mais fechado do que nunca. Ouço barulhos em casa e já fico apavorado. É horrível conviver com o medo, mas é assim que tem sido desde que tudo aconteceu", desabafa Carvalho.
Esperança x medo
Além do medo da violência, outro medo que ronda Matheus é não conseguir se livrar da colostomia. O tiro na barriga o fez perder um dos rins e parte do intestino. Por isso, ele precisou fazer a chamada colostomia, um procedimento cirúrgico que consiste na ligação do intestino grosso diretamente à parede do abdômen, permitindo a saída de fezes para uma bolsa, as chamadas bolsas de colostomia, como as que o jovem está usando desde então. O procedimento ode ser reversível ou não.
Na cirurgia desta quinta-feira, claro, a expectativa é de que dê tudo certo e ele consiga religar o intestino para poder dar adeus às bolsas de colostomia. "Pensamento positivo, né? Quero que dê tudo certo. Vai dar, se Deus quiser, mas tenho medo que não dê. Estou muito ansioso com tudo isso. Medo, ansiedade, as dores na coluna. São dois meses de luta e de espera. Quero que tudo isso acabe logo", conta Matheus, explicando que a cirurgia vai ser feita também para que o projétil da bala alojada na coluna possa ser retirado.
"O médico me explicou que é uma cirurgia um pouco grande. Ele vai fazer esses dois procedimentos: a religação do meu intestino e a retirada da bala. É...dá medo, mas vou vencer mais essa etapa. Vai dar tudo certo, sim, eu creio." O cirurgião-geral Walter Alvarenga fará a cirurgia de Matheus no Hospital Marcos Moraes, no Méier.
Porto seguro
Antes de tudo acontecer, Matheus morava sozinho, em Jacarepaguá, no mesmo bairro onde trabalhava. Ao sair do hospital, depois de nove dias internado, teve que ir morar com a tia Marcela Costa, de 39 anos, em Itaguaí, Região Metropolitana do Rio. É nela que o rapaz encontra o apoio que precisa para seguir em frente e se recuperar plenamente: "Não sei o que seria de mim sem minha tia e sem minhas primas. É com elas que conto para tudo. Um dia, quero poder retribuir tanto amor e cuidado."
Na casa humilde, o jovem divide a cama com a prima Marcelly, de 20 anos, que está grávida de 6 meses. Mãe e filha se revezam nos cuidados com Matheus, que ainda precisa de ajuda para se levantar e para andar. "Passo a maior parte dos dias deitado, mesmo. Emagreci e perdi massa muscular, dizem os médicos. Mas é isso: sinto muitas dores e dependo dos outros pra tudo. Não tenho muita opção".
Como a tia é massoterapeuta e parou de trabalhar para cuidar do sobrinho, o que vem ajudando a família a arcar com os custos do tratamento de Matheus é a vaquinha que foi criada no dia 20 de maio, por sugestão de amigos: "Se não fosse isso, nem sei como estaríamos nos virando", revela. O link para quem quiser contribuir é https://www.vakinha.com.br/vaquinha/ajude_mateus-mateus-domingos-carvalho
Segundo Matheus, o McDonald’s vem ajudando com os custos dos remédios e da alimentação, mas como a rotina da família virou do avesso e sua tia parou de trabalhar, tudo ficou bem complicado: "Eu trabalhava e me mantinha. Minha tia trabalhava e mantinha a casa dela. Agora, estamos os dois parados, sem trabalhar, sem entrar dinheiro e com os gastos só aumentando. Então, é bem complicado. A vaquinha salvou nossas vidas e agradeço muito a cada um que me ajudou e que ainda ajuda. Sou grato a todos", diz, emocionado.