Reginaldo (esquerda) sendo agredido pelo morador Gilles David (direita)Reprodução / TV Globo

Rio - O médico francês Gilles David Teboul, denunciado por racismo contra o porteiro Reginaldo Silva de Lima, teria ameaçado tirar a vida do funcionário do prédio caso ele procurasse a polícia. A declaração dada pela vítima consta em determinação da Justiça do Rio desta quarta-feira que proibiu o morador do edifício em Copacabana, na Zona Sul, de sair do país. O francês também foi obrigado a entregar seu passaporte à Polícia Civil, o que ocorreu nesta quinta-feira (7).
Segundo decisão do Plantão Judiciário, o relato da vítima aponta a tentativa de intimidação feita por Gilles. "Se você for à delegacia fazer registro contra mim, eu lhe mato", teria dito o médico francês a Reginaldo. O morador também é acusado de se referir ao funcionário por "macaco, preto e fedorento".
O documento da Justiça também afirma que a entrega do passaporte foi decidida após suspeita de que Gilles estaria tentando antecipar viagem para França. "Soube por funcionário indiciado que ele se preparava para viajar para a França no dia 24 de julho, mas que pretendia antecipar a passagem para esquivar-se da responsabilidade penal pelos fatos ora em apuração", diz decisão.
O caso envolvendo o porteiro e o morador aconteceu em Copacabana, na Zona Sul, no último dia 26 de junho, mas repercutiu na última segunda-feira (4). Na data em questão, as imagens da discussão entre Reginaldo e Gilles e o relato do porteiro denunciando os ataques racistas foram divulgados em reportagem da TV Globo.
Agressões
Gilles também teria agredido o porteiro com socos e pontapés. Uma dessas agressões foi flagrada pelo circuito interno de câmeras do prédio. No vídeo, que não tem som, é possível ver parte da discussão e um momento em que o médico pega com as duas mãos no pescoço de Reginaldo. 
Por conta das agressões, Reginaldo pediu afastamento do trabalho por três dias. Segundo o Sindicato dos Empregados de Edifícios do Município do Rio (SEEMRJ), o porteiro teria pedido suporte do psicólogo da entidade para atendimento. "Ele está bem abalado com tudo", disse um funcionário do sindicato.