Cariocas formam fila para cadastramento e atualização no CadÚnico em Bangu. Ação foi promovida pela Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS) na Praça Dr. Raimundo PazReginaldo Pimenta / Agencia O Dia

Rio - A crise econômica que assola a população fluminense, em especial a parcela mais pobre, tem provocado uma corrida para os postos Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) em busca dos benefícios federais. Por conta dessa maior procura nos últimos dias, algumas dessas unidades, que são responsáveis pela atualização do Cadastro Único (CadÚnico), contaram com reforço nesta sexta-feira (8).

De acordo com a Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS), as duas áreas de atendimento extra foram montadas na Vila Olímpica do Complexo do Alemão, em Ramos, na Zona Norte, e na Praça Doutor Raimundo Paz, em Bangu, na Zona Oeste. O atendimento nos locais começou às 8h e terminou às 16h.

Apesar do reforço, as filas para o atendimento no posto itinerante foram extensas durante quase todo o dia. Desempregado e vivendo na rua, Leonardo dos Santos, de 41 anos, foi avisado sobre o polo itinerante na Praça Raimundo da Paz enquanto aguardava na porta do CRAS Vila Moretti, em Bangu. Durante a manhã, ele era uma das dezenas de pessoas que aguardava para ser chamado, tentar a inclusão no Cadúnico e ,enfim, receber o Auxílio Brasil.

"Vai me ajudar muito. Ainda mais para mim que não tenho moradia, não tenho trabalho, estou desempregado e tenho dois filhos. Eles estão morando em Minas, mas posso ajudá-los daqui. Então vai ajudar muito. Com esse dinheirinho posso alugar alguma coisa para mim morar, porque ficar na rua é complicado", contou Leonardo, que apesar da expectativa positiva, se disse incomodado com a falta de humanidade no processo de atendimento.

"Eu estou aqui desde dez horas da noite de ontem, estou com fome, estou com sede, estou sem dormir, passando frio. É desumano o que estão fazendo com a gente. As mulheres aí com criança pequena, idosos, gente passando mal esperando", criticou.

Apesar da longa espera, houve quem saísse satisfeito do atendimento na unidade móvel. A diarista Lauiuki das Neves, 27 anos, foi uma delas. "Demorou, mas eu consegui resolver. Ontem fui no CRAS, enfrentei aquela fila e não consegui. Teve muita gente que saiu de lá e veio para cá", explicou.
O porteiro Walter Sérgio, 45, que buscava atendimento para o sobrinho especial, Jonathan de Oliveira da Silva, 30 anos, conta que também enfrentou uma longa espera no CRAS de Bangu e mesmo assim não foi atendido. "Eu fui lá no CRAS, cheguei lá quatro horas da manhã, mas não fui atendido porque as senhas todas já tinham sido distribuídas. Daí mandaram vir aqui para o Centro de Bangu", disse Walter, que busca o cadastro do sobrinho para o Benefício Assistencial à Pessoa com Deficiência (BPC/LOAS).
A procura também foi grande na unidade do Rio Poupa Tempo, administrada pelo Governo do Estado, no Bangu Shopping.  Algumas pessoas chegaram ao local ainda na noite desta quinta-feira, mas apenas 100 pessoas são atendidas por dia. 
Demanda crescente
A recente PEC do Governo Federal que pretende aumentar o Auxílio Brasil de R$ 400 a R$ 600 deve influenciar diretamente na maior procura por atendimento nas CRAS.

A coordenadora da 8ª Coordenadoria de Assistência Social e Direitos Humanos (CASDH) responsável pelos CRAS de Deodoro, Magalhães bastos, Realengo, Bangu, Padre Miguel e Santíssimo, Rosilaine Rabelo, falou sobre o aumento na busca pelo atendimento e também da abertura dos pontos itinerantes.

"Hoje, por conta do aumento da demanda da procura do Cadastro Único do Governo Federal, a Secretaria Municipal de Assistência Social reforçou o atendimento aos usuários na Praça Doutor Raimundo da Paz, aqui em Bangu. A gente teve um grande aumento na procura pelo Cadastro Único, então sim hoje a gente tá com esse reforço. Estamos fazendo cadastros novos e atualizações também", explicou Rabelo.

Para que o atendimento seja feito, é preciso que a pessoa esteja portando os documentos necessários: "São CPF, identidade e documento de todos os moradores da casa. Pode ser identidade ou certidão de nascimento", reforçou a coordenadora.

Segundo Rosilaine, quem não for atendido nesta sexta-feira na unidade móvel, deve seguir buscando o atendimento nas CRAS de suas respectivas regiões. "Nós vamos estar aqui na praça até às 16h, mas o horário dos nossos CRAS é de 8h às 17h. Estamos aqui hoje excepcionalmente. A pessoa não conseguindo ser atendida hoje, o indicado é procurar o CRAS de referência", finalizou.