A Tia da vítima contou que sonhos foram interrompidosVanessa Ataliba/Agência O DIA

Rio- "Minha sobrinha teve sonhos e a vida interrompidos." O desabafo é de Ana Fábia Pereira, tia de Marcielly Araújo, que foi morta pelo namorado, Glauber Morais, em Rio das Pedras, na Zona Oeste. Nesta terça-feira, familiares da vítima estiveram no Instituto Médico Legal (IML), no Centro, para fazer a liberação do corpo de Marcielly. O suspeito de cometer o crime se entregou à delegacia no final da tarde de segunda-feira e confessou ter matado a companheira.
O enterro será realizado nesta quarta-feira (13), às 15h, no Cemitério de Pechincha, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. O velório inicia às 12h.
A esteticista Ana Fábia Pererira também fez um desabafo sobre a violência contra mulher e comentou que a sobrinha tinha planos de mudar de vida. "Infelizmente vivemos numa sociedade de violência, a gente ainda está sem palavras. Minha sobrinha estava cheias de sonhos pela frente, tinha terminado os estudos, queria fazer o Enem para poder entrar na faculdade e ter uma vida melhor, mas infelizmente isso foi interrompido. A maioria das mulheres sofrem com agressões nessa sociedade machista, nunca estamos em segurança, dizem que somos sexo frágil mas somos tão fortes, até quando isso vai acontecer? Quando uma mulher morre, morremos todas um pouco. Uma mulher se vê na outra, não tem questão de ser rica, preta ou pobre, as mulheres estão morrendo e nada é feito", desabafou
 A tia ainda pediu por justiça para Marcielly e todas as outras mulheres vítimas de feminicídio.
A Tia da vítima contou que sonhos foram interrompidos - Vanessa Ataliba/Agência O DIA
A Tia da vítima contou que sonhos foram interrompidosVanessa Ataliba/Agência O DIA
O irmão da vítima, Fabiano Araújo, 33 anos, encarregado de manuntenção predial, que também esteve no IML, contou que encontrou a Marcielly caída dentro de casa, próximo à porta, e acredita que ela tenha tentado pedir socorro logo após ser agredida. Ele relatou ainda que a irmã foi encontrada com marcas vermelhas no braço e no rosto, além de parecer ter sido estrangulada.
"Nós ligamos paro o socorrista, e eles falaram para fazer massagem cardíaca, mas eu disse que não ia adiantar, porque minha irmã estava morta, já estava até subindo um odor dela, ela estava ali no mínimo entre 10 a 11 horas, eu não senti respiração nem pulsação, o corpo dela estava duro e gelado", relatou.
Indignado, Fabiano comentou ainda que o Glauber não teve compaixão pela companheira. "Se ele tivesse um pingo de dó da vitima ele tinha prestado um socorro no momento que ele conseguiu desmaiar ela. Ele trancou minha irmã morta dentro de casa e fugiu", comentou.
O irmão contou também que a mãe deles recebeu uma ligação do irmão de Glauber perguntando como Marcielly estava, pois ele soube que a cunhada havia desmaiado dentro de casa no último domingo (10). Posterior a esssa ligação, a mãe pediu para que uma amiga fosse na casa do casal verificar como ela estava.
O irmão, Fabiano Araújo, contou que Cielly foi encontrada com marcas de estrangulamento - Vanessa Ataliba/Agência O DIA
O irmão, Fabiano Araújo, contou que Cielly foi encontrada com marcas de estrangulamentoVanessa Ataliba/Agência O DIA
"Minha mãe pediu para uma amiga dela ir até a casa deles, mas ela não conseguiu abrir a porta, aí ela chamou um rapaz e ele conseguiu arrombar, foi quando ela se deparou com minha irmã deitada na porta. Essa amiga não conseguiu acreditar, ligou para minha mãe que em seguida ligou para minha esposa. Eu estava sentando para almoçar quando minha esposa falou: 'Cielly está morta dentro de casa, Glauber matou ela'. Eu não acreditei, eu tinha acabado de chegar da rua, eu botei uma camisa e saí, no meio do caminho já fui gritando meu outro irmão, quando cheguei minha sobrinha já estava lá chamando ele", lamentou.
O outro irmão, Ciel Silva, 30, que trabalha com eventos, contou que no dia anterior ao crime teve um pressentimento ruim com a irmã e que recebeu a notícia pela sua sobrinha de 12 anos, filha de Marcielly. "Ela chegou até mim e falou: “Minha mãe morreu”. Ela tinha ido junto com uma amiga da minha irmã até a casa dela. A minha sobrinha foi a primeira pessoa a ver o corpo, ela está mal, é criança mas entende, ela já sabe o que houve e está passando por problemas psicológicos", contou.
Ainda segundo Ciel, a sobrinha já morava com a avó materna e no último domingo (10) eles fizeram uma festa de aniversário para ela, em que o casal estava presente.
“Eu pressenti, domingo foi aniversário da minha sobrinha, a gente fez um bolinho pra ela na casa da minha mãe, quando eu cheguei eu perguntei para minha mãe sobre minha irmã e o sujeito lá, eu disse que estava com um pressentimento ruim, mas minha mãe disse que eles iam na festa e eles foram como se nada tivesse acontecendo", contou.

Ao comentar a prisão de Glauber, Ciel afirmou que nada irá trazer a irmã de volta. “Infelizmente a prisão dele não nos traz alívio, porque isso não vai trazer minha irmã de volta, e com a justiça do Brasil ele ainda pode ser solto e responder em liberdade”, lamentou.
Marcielly deixa dois filhos, uma de 12 anos que mora com a avó materna e um de 8 anos que mora no estado da Paraíba.
De acordo com a Polícia Militar, uma equipe do 18º BPM (Jacarepaguá) foi acionada nesta segunda-feira (11) para verificar um homicídio na Rua das Camélias. Chegando ao local, os policiais encontraram uma a vítima já sem vida e o autor do fato não havia sido encontrado. A área foi isolada e a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) acionada.
A Polícia Civil informou que a perícia foi realizada no local e que a DHC segue acompanhando o caso.