Joabs Sobrinho, advogado de paciente do médico anestesista Giovanni Quintella BezerraSandro Vox/ Agência O Dia

Rio - A primeira paciente atendida pelo médico Giovanni Quintella Bezerra, de 31 anos, no domingo (10), fez um forte relato sobre o que aconteceu dentro da sala de parto do Hospital da Mulher, em São João de Meriti, na Baixada. A mulher contou que foi dopada pelo anestesista e que o médico se insinuou para ela antes do parto. Ela esteve na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, nesta quinta-feira, acompanhada de dois advogados.
Foi após a cirurgia dela que os enfermeiros decidiram que iriam gravar a conduta de Giovanni dentro da sala de cirurgia. Na entrada da distrital, um dos advogados da vítima, Joabs Sobrinho, detalhou o relato da cliente, que se encontra extremamente abalada e fragilizada com a possibilidade de também ter sido estuprada pelo criminoso.
"Ela relatou que no dia do parto ele a dopou. Antes disso, no preparatório, ela estranhou o comportamento do médico. No momento da sonda ele disse que ele quem iria botar, dispensando a ajuda dos enfermeiros. Ele se insinuava o tempo todo: "sua tatuagem é muito bonita". Em determinado momento o roupão dela caiu e ela estava com frio por causa do ar condicionado. Aí ele disse: "você está com o seio arrepiado?" Foi então que um enfermeiro a ajudou a vestir o roupão de volta". Em um outro momento a mulher disse ao advogado que lembra de ter visto o médico próximo da sua cabeça, mas logo voltou a dormir.
Giovanni também teria se apresentado à grávida com um outro nome. A mulher, que é mãe solteira, esteve sozinha durante o parto e está triste pois perdeu o momento mais especial de sua vida. "Quando ela chegou no quarto, perguntou para as outras pacientes se elas também tinham dormido na cesárea, mas elas negaram".
Mulher vai processar hospital e sofre com a possibilidade de deixar de amamentar
Para o advogado da paciente, o Hospital da Mulher agiu de forma negligente com a sua cliente. Ele afirma que ninguém da direção a informou sobre o ocorrido e nem a orientou sobre tomar um coquetel anti-HIV na saída do hospital. A mulher ficou sabendo que poderia ter sido uma das vítimas de Giovanni através da delegada Bárbara Lomba, titular da Deam que investiga o médico, na terça-feira.
"Ninguém do hospital ligou para ela para avisar, eles não informaram em que condição ela estava. Entendo que houve negligência do hospital e nós vamos responsabilizar o estado pelos fatos", afirmou Joabs.
A vítima está buscando orientação com outros médicos para entender sobre a necessidade de tomar o coquetel anti-HIV. Ela teme ter que deixar de amamentar. "Ela está muito fragilizada, principalmente com essa parte de tomar coquetel porque vai precisar parar de amamentar. Mas ainda não tomou", informou o advogado.
Além da paciente, compareceram nesta quinta-feira o esposo de uma das vítimas e uma enfermeira do hospital.
O DIA procurou a Secretaria Estadual de Saúde (SES) para questionar o motivo da direção do hospital não ter avisado à paciente sobre o ocorrido, assim como fez com a gestante que aparece em vídeo sendo estuprada. Até o momento não houve retorno.