Lídia Costa ao lado do marido, cabo De Paula, morto em operação no AlemãoReprodução

Rio - Viúva do cabo Bruno de Paula, PM lotado na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Complexo do Alemão, Lídia Costa compareceu na tarde desta sexta-feira (22) ao IML para a liberação do corpo do marido, morto na quinta-feira (21) durante operação na comunidade, com um tiro no pescoço e nas costas. Ao DIA, Lídia 40 anos, disse que não sabia previamente da operação e, agora, tem apenas em sua mãe a rede de apoio na criação de seus dois filhos autistas.
Lídia Costa, viúva do PM De Paula, na porta do IML - Vanessa Ataliba / Agência O DIA
Lídia Costa, viúva do PM De Paula, na porta do IMLVanessa Ataliba / Agência O DIA
Lídia afirma que De Paula, como era chamado na corporação, era apaixonado pela farda e morreu fazendo o que mais amava, mas se entristece pelo fato de os filhos terem perdido um excelente pai.
"Temos dois filhos autistas. O mais velho, Bruno Calebe, de dez anos, autista severo, e Davi Lucas, de oito, autista leve. Tudo que meu marido queria era poder ver a evolução dos nossos filhos. Ele era muito ligado ao movimento de apoio, tanto às crianças, quanto às famílias que têm alguém do espectro autista", disse.
Ela diz que o marido não lhe disse nada sobre a operação previamente e que foi acordada com a notícia de que ele havia sido baleado e levado para o Hospital Getúlio Vargas. "Família de policial não tem sossego. A qualquer momento, você pode ser acordado com a pior das notícias, como eu fui. Nenhuma operação é tranquila, seja para o policial, seja para a população", afirma.
Lídia diz que espera a chegada do difícil momento em que terá que responder aos filhos onde está o pai deles. Segundo ela, a psicóloga indicou que diga que o papai virou "estrelinha no céu". Durante todo o dia de quinta, ela narra que os dois chegaram a ver a foto de Bruno na TV, mas, pela questão do transtorno, não assimilaram que a foto do pai aparecia pelo fato de ter sido mais uma vítima da violência na cidade.
Lídia salienta que, com a morte de Bruno, ela agora só tem como apoio a mãe na criação dos filhos: "Eu só estou aqui hoje, porque minha mãe, uma senhora de 73 anos, pôde ficar com meus filhos na minha ausência. Agora, minha mãe, dona Zildete Maria da Silva, é a única pessoa com quem posso contar. Peço forças a Deus, pois eles vão precisar da gente".
Ela desabafa que tem a impressão como se o Estado do Rio estivesse abandonado frente à violência que vive. "Eu não desejo isso a absolutamente ninguém. Essa guerra tem que acabar para que mais nenhuma mulher de policial precise chorar a ida de seu companheiro, como a população não precise mais chorar a morte de um pai, de uma mãe, de um filho", afirma.
O velório e sepultamento do cabo da Polícia Militar, Bruno de Paula Costa, está marcado para às 9h deste sábado (23), no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap.
Portal dos Procurados pede informações
O Portal dos Procurados, um programa do Disque Denúncia, divulgou um cartaz pedindo informações que auxiliem as buscas pelo responsável pela morte do policial.
Com a morte de Bruno, subiu para 32 o número de agentes de segurança mortos em ações violentas no Rio de Janeiro em 2022.
Disque Denúncia pede informações que levem aos autores da morte do cabo De Paula - Divulgação
Disque Denúncia pede informações que levem aos autores da morte do cabo De PaulaDivulgação