A Operação Marmita distribui, geralmente, quentinhas com macarrão ao molho de calabresa e farofaReprodução

Rio - Família de Padre Miguel, Zona Oeste do Rio, transformou a dor em motivação: após a perda de um ente, primos se mobilizam para levar comida a pessoas em situação de rua. Com um ano de projeto, a Operação Marmita ajuda, por mês, cerca de 300 pessoas e pede doações para fazer mais pelo número de pessoas em vulnerabilidade que só cresceu desde a pandemia.
Além da quentinha, a pessoa ajudada ainda ganha um bolinho para adocicar a refeição - Divulgação
Além da quentinha, a pessoa ajudada ainda ganha um bolinho para adocicar a refeiçãoDivulgação
Ana Flávia Rodrigues, estudante de jornalismo e uma das idealizadoras do projeto, relata que a ideia surgiu em um momento de muita dor para a família. Uma prima estava em fase terminal de câncer e, a todo momento, se falava muito sobre caridade, sobre como ela se doou pela profissão, pelos alunos dela, e sobre como a caridade transformava a gente e o mundo. Em março de 2021, a professora primária morreu e, na Páscoa, no meio de um processo de luto muito difícil, resolveram sair à rua distribuindo quentinhas. "Eu e meus primos nos dividimos e fizemos um total de 56 marmitas. No mês seguinte, toda a família aderiu à iniciativa, nós criamos um perfil no Instagram pra facilitar a questão das doações e deu no que deu", conta.
No começo, os componentes eram todos familiar. Eles mesmo faziam as compras com o dinheiro que cada parente podia contribuir. Posteriormente, com a criação do perfil no Instagram, muitas pessoas se interessaram em ajudar. Foi criado um PIX para que pudessem receber doações de fora, mas o preparo ainda tem toque caseiro. "A comida sempre foi feita pela gente também. O processo começa no sábado, fazemos alguns dos itens da quentinha, colocamos a água pra gelar e dividimos as equipes. E, no domingo, a gente monta os kits e vai distribuir nas ruas. Geralmente, os voluntários - principalmente, amigos - ajudam muito nessa parte", diz.
Ana Flávia conta que costuma variar de mês a mês por conta das doações, mas, geralmente, o cardápio oferecido costuma ser macarrão com molho de calabresa e farofa.
Ainda de acordo com ela, sobretudo durante a pandemia, eles perceberam um aumento gigantesco do número de pessoas em situação de rua; de crianças a idosos, famílias inteiras ocupando calçadas. A distribuição costuma ocorrer em Campo Grande, Bangu, Padre Miguel, Realengo e Marechal. Como são bairros cortados pela linha do trem, a equipe se divide em dois, cada uma ocupando um lado do bairro. Segundo a estudante, Guilherme da Silveira, um sub-bairro entre Padre Miguel e Bangu é o local que mais recebe ajuda.
Ana afirma que o projeto sobrevive somente da ajuda de doações e revela que sente muita aflição notar que as pessoas assistidas parecem esquecidas pelo Estado. "Não é normal que mais da metade da população brasileira viva em insegurança alimentar. Não é normal que uma pessoa entre em desespero por estar com fome", comenta.
Você pode ajudar a "Operação Marmita, por uma Zona Oeste sem fome" doando alimentos, roupas, cobertores e dinheiro através da chave PIX operacaomarmita@gmail.com. Além de seguindo e compartilhando o perfil @operacaomarmita, no Instagram, onde todo trabalho realizado é divulgado.