Kauã Mendonça, de 15 anos, morreu baleado durante um confronto entre policiais militares e criminososReprodução / Redes sociais
Testemunhas afirmam que polícia entrou atirando na rua onde jovem foi morto durante confronto em Itaboraí
Moradora conta que policial impediu que pastor socorresse Kauã Mendonça, de 15 anos. Corporação nega a versão
Rio - Testemunhas e amigos de Kauã Mendonça Ferreira, de 15 anos, afirmam que policiais militares entraram atirando no bairro Jardim Imperial, em Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio, e impediram que os moradores socorressem o jovem. Ele e o tio, Lucas da Conceição de Souza, de 25 anos, foram baleados durante um confronto entre PMs e criminosos na quarta-feira (3), quando o menor voltava da escola. Lucas está internado no Hospital Estadual Alberto Torres (HEAH), em São Gonçalo, e tem estado de saúde estável.
Kauã era criado pela avó, perdeu a mãe quando ainda era criança e não tinha contato com o pai. Por conta da ausência de familiares, ele recebia ajuda deste tio. Pessoas próximas contam ainda que o menino tinha muitos amigos e era um bom rapaz. Ao DIA, a mãe de uma amiga de Kauã, que presenciou o momento dos tiros, contou que um policial estava posicionado para fora da viatura quando entraram atirando no bairro. A mulher, que prefere não ser identificada, disse estar indignada com o despreparo da polícia para entrar em uma rua com várias crianças brincando de soltar pipa e futebol.
"Não é normal ter tiroteio ou algo do tipo aqui na região. Eu entendo que eles estavam lá para verificar uma denúncia, mas o certo não é entrar atirando. O menino [Kauã] não tinha nada com isso, ele estava voltando da escola, estava brincando também na rua. Nem todo mundo que mora em comunidade é bandido não", disse.
A PM confirma que uma equipe do 35º BPM (Itaboraí) entrou no bairro por conta de uma denúncia de tráfico de drogas na região. "Os policiais foram recebidos a tiros e houve confronto. Ao cessarem os disparos, os militares localizaram duas pessoas feridas. Um deles foi socorrido ao Hospital Municipal Desembargador Leal Júnior e o outro morreu no local", informou a corporação. Na ação uma pistola e um celular foram apreendidos.
A testemunha contou ainda que equipes da polícia impediram que um pastor da região socorresse o jovem. "Quando eu cheguei perto dele eu vi que ele ainda estava vivo. Foi então que um pastor do bairro implorou para que ele pudesse levar o Kauã para algum hospital. Tinha um hospital bem próximo dali. Mas um dos policiais não deixou e disse que como ele não estava com ninguém da família ele não poderia sair dali", lembra ela.
No entanto, a PM nega a versão e diz que nenhum agente impediu o socorro. "O comando do 35ºBPM informa que os policiais não impediram o socorro", disse por meio de nota.
O corpo de Kauã foi velado na manhã desta sexta-feira (5), no Cemitério Municipal São João Batista, em Itaboraí. Em seguida, o caixão foi encaminhado ao Cemitério Municipal de Porto das Caixas, no mesmo município, onde aconteceu o enterro.
Divisão de Homicídios investiga o caso
A área foi isolada e a perícia foi realizada na rua onde o confronto aconteceu. A ocorrência foi encaminhada para a Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI). Questionada, a Polícia Civil ainda não informou se apreendeu as armas usadas pelos policiais na ação. O DIA também perguntou à PM se os agentes entregaram os armamentos, mas não houve resposta.
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