Cauã Constantino, de 19 anos, foi enterrado no Cemitério de Campo Grande, Zona Oeste do Rio, nesta sexta-feira (5)Reginaldo Pimenta/ Agência O Dia

Rio - O enterro do jovem Cauã Constantino, de 19 anos, aconteceu no fim da manhã desta sexta-feira (5), no Cemitério de Campo Grande, Zona Oeste do Rio, sob forte emoção e com homenagens ao rapaz, que tinha o sonho de ser jogador de futebol. Ele morreu na segunda-feira (1), após ser atingido com um tiro na cabeça durante uma festa em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, na noite de sábado (30), enquanto tentava separar uma briga.
O principal suspeito de atirar contra ele é o bombeiro civil Hugo da Silva, mas a Polícia Civil ainda não solicitou um mandado de prisão, portanto, ele não é considerado foragido. A investigação está sob sigilo.
Amigos do clube de futebol "Ar de Ouro" levaram para o cemitério o troféu conquistado pelo time durante um campeonato, que contou com a participação do jovem neste ano. Um outro colega compôs uma música em homenagem a ele. Os pais e a irmã de Cauã também estiveram no enterro e usaram blusas em homenagem ao rapaz escrito: "Cauã luto".
O técnico do time de Cauã, Marlon Breno, conta que o jogador era bastante querido e também muito trabalhador. "Ele não roubava, não traficava, ele só trabalhava. Nas horas vagas queria jogar bola. Estamos revoltados, só queremos justiça, mais uma vida se foi. E aí, como vai ficar? E o filho dele de um ano, como vai ficar?", questiona. Marlon também lembra que Breno não tinha condições financeiras de jogar profissionalmente, por isso trabalhava como entregador de panfletos no centro comercial de Campo Grande. 
"Era puro, menino bom, não tinha nada de ruim. Só fazia o bem, era prestativo e muito amigo de todo mundo. Pode ver pela quantidade de amigos que estão aqui hoje. O Cauã era a alegria de todo mundo, vai deixar saudades. Meu coração está destruído. Infelizmente o cara tirou a vida do menor, só queremos justiça agora", desabafou David Castro, amigo da vítima.
O delegado titular da 36ª DP (Santa Cruz), Fabio Luiz da Silva, informou que as investigações estão adiantadas, mas não deu maiores detalhes sobre o suspeito, a fim de não prejudicar o andamento das diligências.
Relembre o caso
Eduardo Bastos, amigo de trabalho da vítima, contou que estava na festa e detalhou todo o ocorrido. "Estava tendo uma briga lá na festa, e nós fomos para fora. Quando chegou do lado de fora, esse bombeiro já estava armado no portão. Ele deu dois tiros para o alto e descemos correndo. Quando a gente voltou, o terceiro tiro foi na cabeça do Cauã. Ele atirou para cima do Cauã, porque ele [Cauã] foi pra cima dele [o bombeiro civil] perguntando: 'Pra que isso?'. O Cauã não tinha nada a ver com a briga", revelou.

Após a confusão, a Polícia Militar foi acionada e equipes do 7ºBPM (Santa Cruz) foram até o local, mas ao chegarem ao endereço o suspeito já havia fugido.

O amigo do jovem ainda relembrou como a vítima passou o dia animado para a festa com os amigos do trabalho. "Ele passou o dia todo falando dessa festa. No final do dia ele foi comigo e ficou a noite toda zoando com a gente, no fim aconteceu essa tragédia. O Cauã só fazia a gente rir, só vivia rindo o dia todo, brincando, zoando. No dia da festa mesmo, eu gravei vários vídeos dele dançando. Mas ele nunca foi de negócio de tráfico, nada disso não, ele sempre foi trabalhador", desabafou.

E continuou, afirmando que depois de ter atirado o bombeiro Hugo não prestou socorro e foi novamente para dentro de casa. "O bombeiro, depois de atirar, entrou para dentro de casa, ele mora do lado do salão. Sem conhecer ninguém, ele foi lá e atirou. Não sei se ele se assustou. Foi um tiro na cabeça e ele [o Cauã] já caiu, eu até peguei ele no colo, a minha roupa estava toda suja de sangue", relembrou.
O jovem ficou dois dias internado em estado grave no Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz. Ele chegou a passar por uma cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos. De acordo com seu irmão, o jovem teve morte cerebral e duas paradas cardíacas. A família chegou a assinar um documento para a doação de órgãos, mas por conta do coração ter parado, não foi possível realizar o procedimento.