Geral - Familiares de Caua Constantino, vitima de assassinato, estiveram no IML de Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro, para liberaçao do corpo.Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia

Rio - Amigos e familiares de Cauã Constantino, de 19 anos, estiveram no Instituto Médico Legal (IML) de Campo Grande, na Zona Oeste, na manhã desta quinta-feira (4), para fazer a liberação do corpo do jovem, que morreu na última segunda-feira (2), dois dias após ser baleado na cabeça durante uma festa em Santa Cruz. O principal suspeito é um bombeiro civil identificado como Hugo Silva, que está foragido.

Gabriel Santos Constantino, irmão da vítima, disse que Cauã, o mais novo entre três irmãos, era uma pessoa tranquila e apaixonada por esportes. "O Cauã era uma pessoa muito divertida, adorava futebol. Ele era uma pessoa muito tranquila. A gente brigava em casa e eu gostava, mas e agora? Com essa tragédia toda, meu irmão veio a falecer. Minha mãe está arrasada. Ontem (quarta) é que a ficha dela caiu", contou.

Gabriel também relatou que não estava na festa e e só ficou sabendo do que aconteceu quando o irmão já estava na Unidade de Pronto Atendimento do Cesarão.

"Eu não estava no dia da festa, estava em casa dormindo. Fiquei sabendo da notícia através da minha prima que chegou lá em casa desesperada, falando: 'Seu irmão morreu'. Os amigos dele arrumaram um carro e levaram ele diretamente para o UPA do Cesarão. Em uns dez minutos após a chegada, ele já estava entubado, e conseguiram uma transferência para o Hospital Pedro II", disse. Gabriel fez, ainda, um desabafo: "A família pede justiça, ninguém quer perder um filho, ninguém quer perder um irmão. Ele era uma pessoa tão tranquila, está todo mundo abalado".

Cauã, que trabalhava com panfletagem, deixou uma filha de um 1 ano e três meses e a mulher. O jovem ficou dois dias internado em estado grave no Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz. Ele chegou a passar por uma cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos. De acordo com seu irmão, o jovem teve morte cerebral e duas paradas cardíacas. A família chegou a assinar um documento para a doação de órgãos, mas por conta do coração ter parado, não foi possível realizar o procedimento.

Eduardo Bastos, amigo de trabalho da vítima, contou que estava na festa e detalhou todo o ocorrido. "Estava tendo uma briga lá na festa, e nós fomos para fora. Quando chegou do lado de fora, esse bombeiro já estava armado no portão. Ele deu dois tiros para o alto e descemos correndo. Quando a gente voltou, o terceiro tiro foi na cabeça do Cauã. Ele atirou para cima do Cauã, porque ele [Cauã] foi pra cima dele [o bombeiro civil] perguntando: 'Pra que isso?'. O Cauã não tinha nada a ver com a briga", revelou.

Após a confusão, a Polícia Militar foi acionada e equipes do 7ºBPM (Santa Cruz) foram até o local, mas ao chegarem ao endereço o suspeito já havia fugido.

O amigo do jovem ainda relembrou como a vítima passou o dia animado para a festa com os amigos do trabalho. "Ele passou o dia todo falando dessa festa. No final do dia ele foi comigo e ficou a noite toda zoando com a gente, no fim aconteceu essa tragédia. O Cauã só fazia a gente rir, só vivia rindo o dia todo, brincando, zoando. No dia da festa mesmo, eu gravei vários vídeos dele dançando. Mas ele nunca foi de negócio de tráfico, nada disso não, ele sempre foi trabalhador", desabafou.

E continuou, afirmando que depois de ter atirado o bombeiro Hugo não prestou socorro e foi novamente para dentro de casa. "O bombeiro, depois de atirar, entrou para dentro de casa, ele mora do lado do salão. Sem conhecer ninguém, ele foi lá e atirou. Não sei se ele se assustou. Foi um tiro na cabeça e ele [o Cauã] já caiu, eu até peguei ele no colo, a minha roupa estava toda suja de sangue", relembrou.

Em seu relato, o irmão da vítima também contou que a investigação, que está sendo realizada pela 36ª DP (Santa Cruz), está sob sigilo, mas já é de conhecimento da família a identidade do bombeiro civil suspeito do crime.

"O caso ainda está sendo investigado pela 36ª DP e está sendo em sigilo, mas já conseguiram os dados do homem. Já tem foto dele na delegacia. Ontem eu compareci lá só para confirmar quem era [o suspeito], mas eles [a polícia] já tem o nome e tudo", esclareceu.

A Polícia Civil foi procurada, mas não respondeu aos questionamentos até a publicação desta matéria.

O sepultamento e enterro de Cauã será na sexta-feira (5), às 9h, no Cemitério de Campo Grande, na Zona Oeste.