Cônsul Alemão diz que marido teve mal súbito; na foto, belga está de camisa clara, ao lado do companheiroArquivo Pessoal
Mesmo mantendo a versão do surto aos investigadores, o cônsul não quis assinar o depoimento. Sua prisão ocorreu após finalização do laudo de exame de necropsia, assinado pelo perito-legista Reginaldo Franklin Pereira, que contabilizou pelo menos 30 lesões, entre hematomas e ferimentos, alguns provavelmente feitos com objetos pequenos. O documento foi analisado, a pedido da reportagem, por Eduardo Becker, perito criminal e presidente do Sinpcresp (Sindicato dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo).
"As marcas são estranhas com a versão do cônsul, pois são compatíveis com as de uma pessoa que apanhou. A localização das lesões são esparsas e aleatórias. Tem marca que a posição, a situação e localização é compatível como uma vítima agredida, como as do rosto, que teve infiltração do sangue indicando um forte impacto. Além disso, há equimoses que já estavam em processo de cura, com a cor já amarelada, o que necessita de pelo menos uma semana para chegar a essa coloração", analisou.
Becker também apontou indícios de defesa e até de imobilização da vítima. "Há ferimentos nos dorsos das mãos e de ambos cotovelos, típicos de defesa. Também chama a atenção as pancadas ao redor dos tornozelos, como se a vítima tivesse sido amarrada".
O perito também ressaltou outros três pontos inconsistentes da versão do cônsul: o efeito dos remédios; os móveis arrumados e a porta de vidro da varanda intacta. "Ele diz que a vítima tomou remédios para dormir, o efeito desse remédio com a bebida seria de sonolência profunda, não de agitação. Sobre o surto: os móveis da sala estariam bagunçados e, pelas fotos, estão alinhados. Além disso, a vítima foi encontrada caída entre a sala e a varanda, onde havia uma porta de correr de vidro, que ficou intacta. Uma pessoa em surto, como ele descreveu, a teria danificado na queda", disse. Segundo policiais, o quarto do casal estava bastante bagunçado, em contraste com a mobília do restante da casa. O cônsul confessou que limpou manchas de sangue, inclusive uma que estava no sofá da sala.
Delegada diz que apura motivação e se crime foi intencional
Entre as extensas lesões no corpo de Biot há hematomas na "fenda interglútea", ou seja, entre as nádegas. Também há pequenos ferimentos pontilhados e com o mesmo distanciamento nos braços, indicando terem sido feitos por um objeto pequeno e pontudo. Fontes não descartaram que essas sejam marcas de prática sadomasoquista, fetiche sexual que envolve a dor.
"A versão de que a vítima teria tropeçado e caído não se sustenta diante de todas as provas periciais. Estou muito segura de que houve um homicídio. (...) Ainda estamos em investigação, pessoas serão ouvidas, outros exames são esperados. Precisamos analisar ainda a motivação, o por quê isso ocorreu, se isso foi doloso (com intenção), se foi feito com a intenção de ocultar ou encobrir a verdade dos fatos, de ocultar vestígios. Tudo isso precisa ser analisado ainda com muita cautela", disse a delegada.
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